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Irã joga suas últimas cartas das negociações nucleares

O baralho em que se transformou a negociação nuclear com o Irã contou com a participação dos principais jogadores


	Reator da usina nuclear de Bushehr, no sul do Irã
 (Majid Asgaripour/AFP)

Reator da usina nuclear de Bushehr, no sul do Irã (Majid Asgaripour/AFP)

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Da Redação

Publicado em 6 de julho de 2015 às 16h38.

Viena - O baralho em que se transformou a negociação nuclear com o Irã contou nesta segunda-feira com a participação dos principais jogadores: os ministros das Relações Exteriores dos sete países que têm que fechar, antes de amanhã, um acordo que assegure que o programa atômico da república islâmica não terá capacidade militar.

Pela primeira vez desde abril, os contatos ocorreram no formato de uma reunião plenária, com os chefes da diplomacia do Irã, por um lado, e, do outro, os ministros do grupo G5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e Rússia, mais Alemanha).

Este encontro, na véspera da data limite estipulada pelas próprias partes, busca o impulso político que falta após 20 meses de debates técnicos, diplomáticos e políticos.

John Kerry, secretário de Estado dos EUA e líder da negociação pelo lado do grupo internacional, já advertiu no domingo que nunca se esteve tão perto de um acordo, mas que ainda faltam decisões importantes.

"Se decisões difíceis forem tomadas nos próximos dias, e se forem tomadas rapidamente, ainda poderemos fechar um acordo nesta semana. Porém, se isso não acontecer, não o teremos", disse Kerry ontem.

O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, o último a se incorporar hoje à negociação em Viena, insistiu nessa mesma ideia.

"Ocorreram novos progressos nos últimos dias. Há ainda vários assuntos pendentes, mas pensamos que podem ser encontradas soluções aceitáveis para esses temas. Por isso, um acordo completo está ao alcance", disse o ministro chinês à imprensa.

"O importante é que, hoje e amanhã, todas as partes, especialmente Estados Unidos e Irã, tomem suas decisões finais o mais rápido possível", disse Wang.

Diversas fontes insistem que o acordo já está redigido e, inclusive, com tamanho definido: 20 páginas complementadas com outras 60 em cinco anexos técnicos.

Em todo caso, uma fonte da delegação alemã afirmou hoje para a imprensa que "não haverá um acordo a qualquer preço".

"Não devemos subestimar que grandes questões ainda não foram solucionadas. Se não houver movimentos em pontos cruciais, não se pode descartar um fracasso (das negociações)", advertiu o negociador alemão.

O que falta então para um acordo que não apenas poderia acabar com um conflito de 12 anos, mas amenizaria a relação entre dois inimigos íntimos como Irã e Estados Unidos?

O principal empecilho parece estar no sistema de sanções políticas e econômicas, que os EUA, a União Europeia e a ONU impuseram ao Irã nos últimos anos para forçá-lo a renunciar às partes mais polêmicas de seu programa nuclear.

Em geral, o Irã quer que essas medidas, que estrangulam sua economia, sejam suspensas assim que o acordo for assinado. Já o G5+1 quer que as mesmas sejam suavizadas progressivamente, assim que for comprovado que Teerã está cumprindo com seus compromissos.

Uma solução intermediária poderia ser um mecanismo que permitisse reativar as sanções se for detectado o descumprimento do acordo para limitar o programa atômico iraniano.

Mas, segundo fontes de ambas as partes, o Irã insiste de maneira veemente que sejam suspensas as restrições a seu programa de mísseis balísticos e ao embargo de armas, alegando que são questões não relacionadas diretamente com o tema nuclear.

A reunião dos ministros foi breve e durou pouco mais de uma hora. Ao término da mesma, a instrução foi que as equipes negociadoras seguissem com a redação do acordo.

É esperado que os ministros se reúnam novamente por volta das 17h (horário de Brasília), sempre com a atenção voltada para a data limite de amanhã, perante a qual o Irã mostrou mais flexibilidade do que os países do G5+1.

Washington quer um acordo ainda esta semana, antes da próxima quinta-feira, dia 9 de julho, já que, a partir dessa data, o Congresso teria não apenas 30, mas 60 dias para analisar o pacto.

Essa extensão, que se deve ao recesso de verão do legislativo americano, faria com que um eventual acordo nuclear fique mais tempo sem o sinal verde definitivo e, assim, com mais possibilidades de ser obstruído por seus críticos. 

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