O presidente Mahmud Ahmadinejad discursa em Teerã: "agora controlamos a cadeia completa de produção de energia nuclear", declarou (AFP)
Da Redação
Publicado em 9 de abril de 2013 às 13h25.
Teerã - O Irã inaugurou nesta terça-feira duas minas que fornecerão urânio a um novo complexo de processamento do minério na província de Yazd, região central do país, e anunciou que não renunciará ao enriquecimento de urânio a 20% - utilizado para alimentar o reator de Teerã.
As duas minas ficam em Sagand, a 100 km do novo complexo construído em Ardakan, com uma capacidade de produção anual de 60 toneladas de concentrado de urânio, segundo a televisão estatal, que exigiu imagens das novas instalações.
O material é transformado depois em minério de urânio, destinado a produzir gás UF6, que mais tarde é processado em centrífugas para enriquecer o urânio.
O Irã anunciou há uma década a descoberta das minas de Sagand, mas, segundo especialistas, o minério de ambas é de péssima qualidade.
"No passado, dependíamos do exterior para receber material, mas, graças a Deus, inauguramos uma mina depois da outra. Agora controlamos a cadeia completa de produção de energia nuclear", declarou o presidente Mahmud Ahmadinejad em um discurso exibido ao vivo pela televisão.
Nos anos 70, o Irã, então governado pelo xá, comprou 600 toneladas de concentrado de urânio ("yellow cake") da África do Sul.
Durante a cerimônia do Dia Nacional da Tecnologia Nuclear", o diretor da Organização de Energia Atômica do Irã (OEAI), Fereydoun Abbassi Davani, declarou à imprensa que o Irã "não interromperá o enriquecimento a 20%, segundo ele utilizado para o combustível do reator de pesquisa de Teerã.
"Ainda precisamos produzir combustível", disse, no momento em que o Irã pretende construir outros cinco reatores de pesquisa.
"Nossas atividades de enriquecimento estão sob total controle da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e não devem provocar nenhuma preocupação", ressaltou Abbassi Davani
"Assim, não enviaremos ao exterior nossas reservas nem as diluiremos", disse Abbassi Davani, antes de afirmar que os países membros do grupo 5+1 (Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Rússia, China e Alemanha) - que negociam com Teerã para buscar uma solução à crise nuclear - "deveriam apresentar propostas racionais".
-- Reservas "equivalentes a 4.400 toneladas" --
Em dezembro de 2010, Teerã anunciou a produção do primeiro lote de "yellow cake", destinado à produção de urânio enriquecido, a partir da extração de minério da mina de Gachin, perto de Bandar Abbas (sul).
O Irã, que desenvolve operações de exploração em todo o país em busca de jazidas de urânio, anunciou em fevereiro a descoberta de reservas "equivalentes a 4.400 toneladas" nos últimos anos.
"Antes, tentaram impedir que possuíssemos a tecnologia nuclear e não conseguiram. Agora que temos esta tecnologia, querem tirá-la de nossas mãos. Não conseguirão. A única solução que resta é cooperar conosco. Têm que respeitar nossos direitos", disse Ahmadinejad aos países ocidentais.
Segundo o último relatório da AIEA, apresentado em fevereiro, o Irã produz atualmente urânio enriquecido a 3,5% ou a 20% em dois complexos, Natanz e Fordo.
As potências ocidentais e Israel, inimigo de Teerã, suspeitam que o Irã tente utilizar o urânio enriquecido para fabricar uma bomba atômica, com o pretexto de um programa nuclear civil. A República Islâmica nega taxativamente a acusação.
União Europeia e Estados Unidos aplicam um embargo bancário e petroleiro que reforça unilateralmente as resoluções da ONU impostas ao Irã por suas atividades nucleares.
Os dois últimos encontros entre Irã e o grupo 5+1 em Ammaty não resultaram em uma solução.
Mahmud Ahmadinejad denunciou mais uma vez que as potências ocidentais "pretendem dirigir o mundo".
"Quatro pessoas se reúnem e dizem 'somos os amos do mundo e os demais são escravos'. Esta época ficou para trás. A vontade dos povos vencerá frente às potências satânicas", declarou o presidente iraniano.
Teerã inaugurou também nesta terça-feira um acelerador de elétrons construído na mesma província de Yazd e anunciou a produção de cinco novos medicamentos com isótopos radiativos, no dia nacional da tecnologia nuclear.