O diretor-geral da AIEA, Yukiya Amano: Irã "não oferece a cooperação necessária", disse (Heinz-Peter Bader/Reuters)
Da Redação
Publicado em 9 de setembro de 2013 às 08h57.
Viena - O diretor-geral da AIEA, Yukiya Amano, afirmou nesta segunda-feira que a falta de cooperação do Irã limita cada vez a capacidade da ONU de verificar a natureza e os objetivos do programa nuclear do país, e exigiu a aplicação imediata de um acordo para apronfundar as inspeções.
Em discurso perante o órgão executivo da AIEA, o Conselho de Governadores, que iniciou nesta segunda-feira uma reunião em Viena, Amano disse que o Irã se nega a oferecer uma versão atualizada do desenho do reator de água pesada que é construído em Arak, no qual poderia produzir plutônio, uma substância altamente tóxica que pode ser usada em bombas nucleares.
Isto tem um "impacto cada vez mais adverso sobre nossa capacidade de verificar efetivamente o design da instalação e para aplicar os controles de salvaguardas", reconheceu o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Amano afirmou que o Irã "não oferece a cooperação necessária" para que os especialistas da ONU possa dar "seguridades críveis" sobre a ausência de atividades e materiais não declarados nesse país.
Por isso, Amano considerou como "essencial e urgente" que o Irã negocie com o organismo sobre a natureza de suas preocupações.
Além disso, o diretor lembrou que o Conselho de Governador acredita que é "essencial para o Irã concluir e aplicar imediatamente" o mecanismo que permitirá aprofundar as inspeções da AIEA.
A próxima rodada de negociações entre este organismo da ONU e o Irã sobre esse acordo está prevista para 27 de setembro em Viena.
A cúpula da AIEA trata de fechar com Teerã um pacto para aprofundar suas inspeções no Irã, com o objetivo de esclarecer suspeitas sobre possíveis dimensões militares do programa nuclear da República Islâmica.
A agência nuclear das Nações Unidas investiga o programa nuclear do Irã há uma década.
O Ocidente acredita que sob o guarda-chuvas de um suposto programa nuclear civil, o Irã quer fazer usar o conhecimento e materiais para fabricar uma arma atômica.
Os iranianos rejeitam estas alegações e dizem que só têm intenções pacíficas, como a geração de energia e a luta contra o câncer.
A reunião do Conselho de Governadores da AIEA que começa hoje tratará os mais recentes avanços dos esforços nucleares do Irã, como a ampliação do programa de enriquecimento de urânio ou a construção do reator de Arak.
Perante a recente chegada do novo presidente iraniano, o moderado Hassan Rohani, e de um novo embaixador perante a AIEA, existe a expectativa de uma mudança de rumo por parte do Irã.
Por isso, os países envolvidos com a República Islâmica não apresentarão nenhuma resolução que critique as atividades iranianas, e todos os olhares estão voltados para a reunião do 27 de setembro.