O Irã insiste que seu programa nuclear tem apenas fins pacíficos, mas países como Israel e Estados Unidos desconfiam (©AFP / Ho)
Da Redação
Publicado em 27 de maio de 2012 às 17h02.
Teerã - O chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, Fereidoun Abbasi, disse neste domingo que não existem motivos no momento para seu país suspender a produção de urânio enriquecido a 20%, um pedido das potências mundiais para negociarem o programa nuclear. Abbasi também afirmou que o Irã planeja construir mais duas usinas nucleares, uma delas na cidade de Bushehr, até meados de 2014, reportou a televisão estatal iraniana.
"O Irã construirá uma usina nuclear de 1.000 megawatts em Bushehr no próximo ano", disse Abbasi. A planta nuclear já existente em Bushehr começou a ser construída por engenheiros alemães no final da década de 1970, antes da Revolução Iraniana, e foi mais tarde concluída pelos russos, que continuam a auxiliar os iranianos na operação da usina e a fornecer combustível.
Além de Bushehr, o Irã possui um reator nuclear em Teerã, usado para pesquisas médicas, e também constrói uma usina embaixo de uma montanha em Fordo, perto da cidade de Qom.
Abbasi também disse que o Irã continuará a enriquecer urânio a 20% - o mineral enriquecido a esse nível pode ser usado em tratamento e pesquisas médicas, mas enriquecido a 90% pode ser usado para carregar uma ogiva nuclear. "Nós não temos razão para ceder no enriquecimento a 20%, porque produzimos apenas o urânio a 20% de que necessitamos. Nem mais, nem menos", disse Abbasi, em declarações citadas pelas agências de notícias ISNA e Mehr.
O Irã insiste que seu programa nuclear tem apenas fins pacíficos, como produzir eletricidade, com urânio enriquecido a 3,5%, ou usar o mineral em pesquisas médicas. Já Israel, os Estados Unidos e alguns países europeus suspeitam que o Irã planeja construir bombas atômicas.
Na semana passada, o governo iraniano discutiu em Bagdá com o chamado 5 + 1 - grupo das cinco potências do Conselho de Segurança da ONU, Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, China e Rússia, mais a Alemanha, a retomada das negociações para inspeções ao seu programa nuclear. As negociações serão retomadas em Moscou em 18 e 19 de junho. As informações são da Dow Jones.