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Irã e Hezbollah: mísseis clonados alteram a dinâmica de poder regional

Acredita-se que o Hezbollah esteja usando uma cópia de um míssil israelense contra Israel

Agência o Globo
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Publicado em 24 de novembro de 2024 às 11h42.

Durante a guerra entre Israel e o Hezbollah no Líbano, em 2006, acredita-se que membros do grupo xiita libanês tenham apreendido e enviado mísseis antitanque Spike, do Exército israelense, para serem clonados pelo seu principal aliado, o Irã.

Dezoito anos depois e rebatizados de Almas, o mesmo armamento tem sido usado pelo grupo contra bases militares de Israel, sistemas de comunicação e lançadores de defesa aérea, com precisão e poder suficientes para representar um desafio significativo às forças do Estado judeu.

O Irã e a clonagem de armamentos

Que o Irã clona sistemas de armas para usá-los contra os próprios adversários que os projetaram não é novidade: o país já copiou, por exemplo, drones e mísseis americanos. Essa estratégia demonstra a capacidade iraniana de engenharia reversa aplicada ao contexto militar.

No entanto, o míssil Almas, que tem alcance de até 16 km e possui sistemas avançados de orientação, é um exemplo do uso crescente de armas projetadas pelo Irã que está alterando as dinâmicas do poder regional, segundo avaliação de Mohammed al-Basha, analista de armamentos do Oriente Médio e diretor de uma consultoria de riscos na Virgínia.

“O que antes era uma disseminação gradual de gerações mais antigas de mísseis se transformou em um rápido desdobramento de tecnologia de ponta nos campos de batalha ativos”, afirmou al-Basha na semana passada.

O poder do míssil Almas no arsenal do Hezbollah

Os mísseis Almas estão entre os estoques de armas do Hezbollah capturados pelas forças israelenses desde o início da invasão do Líbano, há cerca de dois meses, segundo autoridades de defesa israelenses que pediram anonimato para discutir informações confidenciais.

As fontes afirmaram que esses armamentos têm representado uma ameaça às unidades e equipamentos israelenses perto da fronteira com o Líbano.

Esses mísseis se destacaram como algumas das armas mais sofisticadas em um grande arsenal composto, em sua maioria, por munições de qualidade inferior, incluindo mísseis antitanque Kornet de design russo.

O jornal Wall Street Journal relatou na semana passada que tropas israelenses que estão avançando no sul do Líbano têm encontrado grandes estoques de armas russas que aumentaram a capacidade de combate do Hezbollah.

A versatilidade e a sofisticação do Almas

O Almas, que significa “diamante” em árabe e persa, é um míssil guiado que não precisa de linha direta de visão para ser lançado a partir de veículos terrestres, drones, helicópteros e tubos portáteis.

Ele é um míssil de ataque superior — ou seja, sua trajetória balística pode atingir alvos diretamente de cima, onde os tanques têm blindagem mais leve e vulnerável, em vez de pelo lado.

“É altamente provável que as armas da família Almas, atuais e futuras, sejam utilizadas em todas as frentes habitadas por representantes iranianos, e que os mísseis ameacem uma variedade de alvos de alta qualidade (não apenas israelenses) em distâncias cada vez maiores”, disse uma análise feita em abril pelo Alma Research and Education Center, que estuda questões de segurança na fronteira norte de Israel.

Há pelo menos três variantes conhecidas de mísseis Almas, cada uma delas melhorada em relação à anterior.

Em junho, os pesquisadores da Alma em Israel disseram que o Hezbollah parecia estar usando uma quarta geração mais recente que, entre outras melhorias, enviava imagens mais claras de seu voo para seus operadores.

Esses armamentos podem carregar dois tipos de ogivas: uma pode detonar em duas fases, facilitando a penetração na blindagem. A outra é uma bomba de combustível-ar que explode em uma bola de fogo.

Os mísseis e o desfecho da guerra de 2006

Os mísseis Almas foram lançados anos após o término da guerra no Líbano, em 2006. Pouco depois do fim do conflito, o Exército israelense verificou o inventário dos equipamentos que havia instalado no território libanês.

Surgiram discrepâncias entre o que foi levado para o Líbano, o que foi devolvido e o que foi confirmado como destruído em combate. Ficou evidente que um sistema inteiro de mísseis Spike, incluindo um lançador e várias unidades de mísseis, provavelmente foi deixado para trás no campo de batalha. Esse descuido foi um marco para o desenvolvimento do arsenal iraniano e do Hezbollah.

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