Mohammad Javad Zarif: antes da entrevista, Zarif afirmou que os negociadores encontraram soluções e estão prontos para começar a esboçar um acordo (Maxim Zmeyev/Reuters)
Da Redação
Publicado em 2 de abril de 2015 às 16h15.
Lausanne, Suíça - O Irã e as potências mundiais estabeleceram as bases nesta quinta-feira para um acordo potencialmente histórico destinado a conter o programa nuclear do Irã após uma maratona de negociações na Suíça.
Este entendimento marca um grande avanço em um impasse que já dura 12 anos entre o Irã e o Ocidente, que teme há muitos anos que Teerã queira produzir bomba nuclear.
O Irã concordou em reduzir seu programa nuclear em troca do levantamento das sanções punitivas, informou a chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, após oito dias de negociações.
Os principais pontos acordados nesta quinta-feira deverão agora ser finalizados em um acordo altamente complexo até o dia 30 de junho.
O secretário de Estado americano, John Kerry, saudou um "grande dia", enquanto o presidente iraniano, Hassan Rohani, declarou que a elaboração de um acordo completo começará imediatamente com o objetivo de finalizá-lo até a data limite de 30 de junho.
Kerry tuitou que as potências mundiais e o Irã "agora têm os parâmetros para resolver as principais questões sobre o programa nuclear. De volta ao trabalho em breve para um acordo final", escreveu na rede social.
Meios de comunicação iranianos declararam que o acordo estabelecerá que o Irã reduza em dois terços, de 19.000 a 6.000, o número de centrífugas, que podem produzir combustível para energia nuclear, mas também o núcleo de uma bomba.
Mogherini, em um comunicado de imprensa conjunto com o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, declarou ainda que o projeto de um novo reator será alterado de modo que nenhum plutônio para armas possa ser produzido.
A usina de Fordo, construída nas profundezas de uma montanha, permanecerá aberta, mas não será utilizada para o enriquecimento, e sim para pesquisa e desenvolvimento.
Em troca, Mogherini declarou que as sanções relacionadas à questão nuclear de Estados Unidos e União Europeia serão levantadas depois que a agência nuclear da ONU verificar que o Irã cumpriu suas promessas.
As potências esperam que o acordo torne virtualmente impossível para o Irã construir armas nucleares sob a fachada de seu programa nuclear civil e que encerre este impasse de 12 anos.
O chanceler francês, Laurent Fabius, declarou, no entanto, que ainda há trabalho a ser feito.
Uma implementação bem-sucedida do acordo pode colocar o Irã e os Estados Unidos no caminho para melhores relações após 35 anos de animosidade.
Além disso, as potências e o Irã esperam finalmente silenciar qualquer conversa sobre uma ação militar de Estados Unidos e Israel contra a República Islâmica.
O ministro israelense da Inteligência, Yuval Steinitz, alertou antes do anúncio desta quinta-feira que a "opção militar está sobre a mesa".
Texto atualizado às 16h14