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Irã defende seu programa nuclear e ameaça Israel de destruição

País voltou a atacar o relatório da AIEA que denunciou as atividades do programa

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de novembro de 2011 às 12h06.

Teerã - O governo do Irã reiterou nesta quarta-feira a determinação de prosseguir com o programa nuclear, apesar do relatório mais recente da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) acusar o país de tentar produzir armamento atômico, ao mesmo tempo em que um general ameaçou destruir Israel se o Estado hebreu atacar as instalações nucleares da República Islâmica.

"Não recuaremos um centímetro em nosso caminho", declarou o presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad.

"O Irã não precisa da bomba atômica", completou, em um discurso exibido pela televisão.

Em um relatório divulgado na terça-feira, a AIEA manifestou "sérias inquietações" com o programa nuclear do Irã, em consequência de informações confiáveis de que o país tentou desenvolver a arma atômica.

"A Agência tem sérias inquietações sobre uma possível dimensão militar do programa nuclear iraniano", afirma o documento da AIEA.

Os países ocidentais reagiram de maneira imediata e destacaram que o relatório confirma suas acusações. Também pediram mais sanções contra Teerã, que teriam como objetivo afastar a ameaça de um bombardeio militar preventivo de Israel.

Neste contexto, o subcomandante do Estado-Maior das Forças Armadas iranianas, general Masud Jazayeri, ameaçou nesta quarta-feira destruir Israel se o Estado hebreu atacar as instalações nucleares do país.

"O centro (nuclear israelense) de Dimona é o local mais acessível para o qual podemos apontar e temos capacidades ainda mais importantes. Ante a menor ação de Israel, veremos sua destruição", advertiu o general Jazayeri.

Teerã assegura que seu programa nuclear tem caráter exclusivamente civil e rebateu as acusações da AIEA, que chamou de "infundadas" e baseadas em documentos falsos "fabricados pelos serviços de inteligência americanos e ocidentais".

"A AIEA sacrificou sua reputação ao tornar suas as afirmações ineptas dos Estados Unidos", afirmou nesta quarta-feira Ahmadinejad.


O representante iraniano na AIEA, Ali Asghar Soltanieh, acusou o diretor-geral do organismo, o japonês Yukiya Amano, de ter atuado de forma "parcial, política e não profissional" ao comentar a publicação das "falsas acusações de um pequeno número de países, incluindo os Estados Unidos".

"Teerã não deixará sem resposta este erro histórico do diretor da AIEA", advertiu o representante.

Ahmadinejad voltou a insistir que o país "não precisa da bomba atômica".

"O povo iraniano é inteligente, não vai construir duas bombas diante das 20.000 que vocês possuem", disse, em referência aos ocidentais.

Agora, a questão está do lado dos ministros da AIEA, que se reunirão nos dias 17 e 18 de novembro em Viena, sede da instituição.

Os 35 países membros deverão decidir se, de acordo com os elementos apresentados por Amano, levarão a questão ao Conselho de Segurança da ONU para pedir novas sanções contra a República Islâmica.

O Irã é objeto de seis resoluções da ONU, quatro delas incluindo sanções por seu programa nuclear, em especial as atividades de enriquecimento de urânio.

A AIEA, que investiga o Irã há oito anos, apresentou o relatório "mais completo e detalhado" sobre o programa nuclear deste país, destacou o ISIS, um "think thank" americano para questões nucleares.

"Mas a AIEA não afirma se o Irã é capaz de fabricar um artefato nuclear explosivo", completa a nota do ISIS.

"A AIEA não sugere em absoluto que o Irã esteja a ponto de produzir armamento nuclear", concorda Peter Crail, analista da Associação de Controle de Armas, com sede em Washington.

Assim, para Crail é improvável que China e Rússia se deixem convencer a aprovar novas sanções contra o Irã.

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