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Irã começa a cumprir acordo sobre programa nuclear

País eliminou suas reservas de urânio enriquecido a 20%, cumprindo acordo com grandes potências

O chanceler iraniano (e) e o secretário de Estado americano discutem em Viena o programa nuclear do Irã (Jim Bourg/AFP)

O chanceler iraniano (e) e o secretário de Estado americano discutem em Viena o programa nuclear do Irã (Jim Bourg/AFP)

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Da Redação

Publicado em 21 de julho de 2014 às 16h05.

Viena - O Irã eliminou suas reservas de urânio enriquecido a 20%, um dos pontos sensíveis das negociações nucleares, cumprindo o acordo provisório alcançado em novembro com as grandes potências.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), encarregada de verificar o cumprimento deste acordo provisório, indicou em seu último relatório publicado nesta segunda-feira que Teerã converteu a metade de suas reservas de urânio enriquecido a 20% em urânio enriquecido a 5% e o restante em óxido de urânio.

O relatório deste organismo das Nações Unidas foi publicado dias depois de o Irã e o grupo 5+1 (Estados Unidos, China, Reino Unido, França e Alemanha) concordarem em prolongar até 25 de novembro as negociações que visam alcançar um acordo final sobre o programa nuclear iraniano.

Com base no acordo acertado em novembro com este grupo de grandes potências, Teerã deveria reduzir suas atividades nucleares, entre elas o enriquecimento de urânio a 20%, em troca de um levantamento parcial das sanções ocidentais.

O Irã, acusado de querer fabricar uma bomba atômica, sempre garantiu que o urânio enriquecido a 20% estava destinado a fins médicos, para o diagnóstico de alguns tipos de câncer.

O processo de enriquecimento de urânio a 20% é tecnicamente similar ao que permite o enriquecimento necessário para fabricar uma bomba atômica (90%).

O urânio enriquecido a 5% serve, por sua vez, como combustível para a produção de eletricidade nas centrais nucleares.

Assim, a AIEA afirma que o Irã segue cumprindo com seus compromissos internacionais. Este fato é um passo importante para aliviar os temores ocidentais sobre uma eventual fabricação da bomba atômica por parte de Teerã.

Vontade de acordo global

O Irã e o grupo 5+1, reunidos em Viena, concordaram em ampliar até 24 de novembro a data limite para alcançar um acordo final sobre o programa nuclear iraniano, inicialmente previsto para 20 de julho.

Após seis meses de cansativas rodadas de negociação na capital austríaca, a chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, disse que ainda existiam grandes divergências, embora tenham sido alcançados progressos importantes.

"Para mim está claro que fizemos progressos palpáveis em nossas amplas negociações, mas há verdadeiras deficiências em algumas áreas", declarou o secretário americano de Estado, John Kerry.

O presidente da comissão parlamentar de Relações Exteriores do Irã, Aladin Borujerdi, destacou nesta segunda-feira que a prolongação das negociações mostra "a vontade de alcançar um acordo global".

A retomada das negociações deve ocorrer ao longo da semana, embora não se saiba a que nível, onde e quando.

Antes da assinatura de um acordo final, a comunidade internacional quer obter garantias firmes sobre a natureza puramente civil do programa nuclear iraniano, em troca do levantamento das sanções que asfixiam a economia deste país.

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