O chanceler iraniano, Ali Akbar Salehi (Thomas Kienzle/AFP)
Da Redação
Publicado em 2 de março de 2013 às 14h47.
Damasco - O Irã, aliado de Damasco, deu uma força ao presidente sírio Bashar al-Assad ao apresentá-lo como um chefe de Estado legítimo e anunciar sua participação nas eleições presidenciais previstas para 2014.
No terreno, o exército conseguiu abrir caminho para o aeroporto de Aleppo (norte), furando o cerco imposto pelos rebeldes e permitindo o envio de armas e reforços para os postos de soldados na segunda maior cidade síria.
"Como os outros, o presidente Assad participará nas próximas eleições, e o povo sírio elegerá quem desejar como presidente", afirmou durante a coletiva de imprensa em Teerã o ministro das Relações Exteriores iraniano, Ali Akbar Salehi.
Salehi reiterou a posição oficial do Irã: "Assad seguirá sendo o presidente legítimo até as próximas eleições de 2014".
O ministro iraniano se expressou na presença de seu colega sírio, Walid Muallem, que chegou neste sábado em Teerã, seis dias depois de uma visita a Moscou, outro aliado do regime sírio.
"A crise síria não tem solução militar e a única saída é um diálogo entre o poder e a oposição", ressaltou Salehi.
Ainda sim, "ninguém pode pedir ao poder sírio que abandone as armas", porque "não tem outra opção a não ser continuar lutando contra os insurgentes para restabelecer a calma", defendeu.
Assad continua a rejeitar os apelos lançados pelos ocidentais, vários países árabes, a Turquia e a oposição síria de deixar o poder para a resolução do conflito que perdura há quase dois anos.
Já a oposição não aceita negociar com Assad no poder. O presidente é inflexível e afirma que suas tropas vão combater até o fim os rebeldes.
Desde a chegada ao poder do partido Baath em 1963, os sírios aprovam a cada sete anos um candidato único. Desta fora, Hafez al-Assad reinou por 30 anos, sendo substituído por seu filho Bashar em 2000.
Seu exército conseguiu uma importante vitória neste sábado ao furar o cerco imposto pelos rebeldes nos arredores de Aleppo e de seu aeroporto.
"O exército restaurou a segurança e a estabilidade das cidades localizadas na estrada internacional (...) em direção ao aeroporto internacional de Aleppo", indicou em um comunicado o exército citado pela agência oficial Sana.
Esta estrada atravessa o deserto e parte de Salamiyé, na província de Hama, e remonta em direção ao norte, passando pelo campo de refugiados palestinos de Naïrab e o aeroporto internacional de Aleppo, fechado desde o início de janeiro.
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) confirmou a retomada do controle desta estrada pelo exército, indicando que isto deve "possibilitar o envio de armas e reforços de Hama para Aleppo".
"Se o exército conseguir manter a estrada sobre o seu controle, isso lhe dará uma vantagem para manter no aeroporto de Aleppo e até mesmo a cidade", declarou à AFP o chefe desta ONG, Rami Abdel Rahmane.
No norte, nas proximidades da fronteira turca, o OSDH relatou "combates sangrentos" entre vários batalhões rebeldes e as forças regulares nos pomares de Raqa, falando de ao menos 10 mortos entre os soldados, 16 entre os rebeldes, e dezenas de feridos.
Segundo a agência Sana, "o exército expulsou grupos terroristas armados que realizavam agressões e atos de sabotagem na periferia noroeste de Raqa, fazendo com que sofressem perdas consideráveis".
Ao menos 49 pessoas morreram neste sábado em meio à violência por toda a Síria, incluindo 11 civis, 10 soldados e 28 rebeldes, de acordo com uma balanço provisório do OSDH.