Instalação de reator no Irã: AIEA pede colaboração do regime sobre programa nuclear (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 12 de abril de 2011 às 10h57.
Teerã - Irã planeja instalar centrífugas de última geração na polêmica usina nuclear que o país constrói próxima à cidade santa de Qom, e que foi descoberta em 2009 pelos Estados Unidos, anunciou nesta terça-feira o diretor do Organismo iraniano da Energia Atômica, Fereydun Absi.
Segundo o responsável, a usina de Fordo é uma das "quatro ou cinco" instalações atômicas que seu país tem em projeto para prosseguir com seu plano de enriquecimento de urânio a 20%.
"Fordo está preparada para ser equipada com centrifugas. Estas máquinas ainda estão em construção e antes da instalação, informaremos a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)", explicou Absi, citado nesta terça-feira pela agência local de notícias "Isna".
A construção da usina de Fordo foi anunciada no dia 25 de setembro do ano 2009 da denúncia do presidente americano, Barack Obama, que a pôs como exemplo da falta de transparência que a comunidade internacional recrimina no regime iraniano.
Irã se defendeu então alegando que não tinha cometido ilegalidade alguma já que informou à AIEA quatro dias antes da acusação do líder americano, apesar de ter iniciado sua construção muitos meses antes.
O então diretor da AIEA, Mohamad ElBaredai, rebateu a tese iraniana poucos dias depois durante sua última viagem oficial a Teerã e pediu ao regime dos aiatolás transparência e colaboração.
Nas declarações publicadas nesta terça-feira pela "Isna" e outras imprensas estaduais, Absi assinalou também que o Irã mantém a produção de urânio a 20%, apesar das sanções internacionais.
"A produção de combustível e o enriquecimento a 20% continua e não se deterá. Atualmente, trabalhamos para cobrir nossas necessidades", afirmou o responsável, que assegurou que o processo se realiza "sob supervisão da AIEA".
"Durante um tempo determinado, estamos gerando o combustível para o reator de Teerã. Outros períodos e outras medidas estão em processo", acrescentou.
A nova declaração ocorre um dia depois que o próprio Absi assinalasse que seu país tem planos para construir vários reatores a mais.
"Nos próximos anos produziremos 4 ou 5 reatores com uma capacidade de entre 10 e 20 megawatts em diferentes províncias do país para produzir medicamentos e pesquisas. Para alimentar estes reatores necessitamos continuar com a produção de urânio enriquecido a 20%", argumentou.
Grande parte da comunidade internacional, liderados pelos Estados Unidos, Israel e as potências europeias, acusam o Irã de ocultar, sob seu programa nuclear civil, outro de natureza clandestina e aplicações bélicas cujo objetivo seria adquirir armas atômicas, alegação que Teerã refuta.
A queda-de-braço se inflamou em fevereiro do ano passado depois que o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, anunciasse que seu país tinha começado a enriquecer urânio acima de 20% .
Meses antes, o regime iraniano tinha evitado uma proposta da Rússia, Estados Unidos e o Reino Unido para enviar seu urânio a 3% ao exterior e recuperá-lo tempo depois enriquecido a 20% e nas condições que diz necessitá-lo para manter ativo seu programa nuclear civil.
Perante esta situação, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma nova rodada de sanções internacionais contra o Irã.
No dia 10 de abril, Absi assegurou que cientistas iranianos foram capazes de construir e provar com sucesso centrífugas de urânio de "segunda e terceira geração".
As revelações de Absi foram publicadas poucos dias depois que a oposição iraniana no exílio denunciasse a existência de uma fábrica "clandestina" de componentes para a centrífugas próxima da cidade iraniana de Karaj, ao oeste de Teerã.
No sábado, o ministro de Relações Exteriores iraniano, Ali Akbar Salehi, confirmou a existência da fábrica, mas ressaltou que não é "uma instalação secreta".