O irã anunciou no mês passado que quadruplicaria sua produção de urânio enriquecido, medida que pode violar o pacto (REUTERS/Fars News/Reuters)
Reuters
Publicado em 10 de junho de 2019 às 12h10.
Teerã/Viena — O Irã seguiu adiante com a ameaça de acelerar sua produção de urânio enriquecido, disse o chefe da agência nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta segunda-feira, abandonando sua linguagem normalmente cautelosa para dizer que teme uma tensão crescente.
O confronto entre Estados Unidos e Irã se agravou acentuadamente nas últimas semanas, um ano depois de o governo norte-americano abandonar um acordo firmado entre o Irã e potências europeias para limitar o programa nuclear iraniano em troca da suspensão de sanções financeiras internacionais.
A Casa Branca intensificou suas sanções no início de maio, ordenando que todos os países e empresas suspendam importações de petróleo iraniano para não serem banidas do sistema financeiro global.
Os EUA também começaram a falar em um confronto militar, deslocando tropas adicionais à região para se contrapor ao que descreve como ameaças iranianas.
O Irã reagiu com uma ameaça de intensificar seu enriquecimento de urânio, dizendo que cabe aos europeus que ainda apoiam o acordo nuclear salvá-lo encontrando modos de garantir que o governo iraniano receba os benefícios econômicos que lhe foram prometidos.
O chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukiya Amano, cuja entidade é responsável por monitorar o cumprimento iraniano ao acordo nuclear, disse que agora o Irã está produzindo mais urânio enriquecido do que antes, mas que não está claro quando pode chegar aos limites de estoque estabelecidos pelo pacto.
"Sim, (o) ritmo de produção está aumentando", disse ele em uma coletiva de imprensa quando indagado se a produção de urânio enriquecido acelerou desde o último relatório trimestral da agência, que mostrou que o regime respeitou o acordo nuclear até o dia 20 de maio. Ele não quis dizer qual foi o aumento.
No mês passado, o Irã disse que ainda estava cumprindo o acordo, mas que quadruplicaria sua produção de urânio enriquecido - uma medida que pode violar o pacto se os estoques crescerem demais -, e exigiu que os países europeus façam mais para blindá-lo das sanções.
Também nesta segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, tornou-se a autoridade ocidental mais graduada a visitar o Irã desde que uma nova guerra de palavras entre Washington e Teerã irrompeu no mês passado.