Plantação de cana-de-açúcar em fazenda na cidade de Pedro Afonso, TO (.)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.
Brasília - Apesar do avanço das lavouras de cana-de-açúcar sobre áreas destinadas à pecuária e à agricultura nos últimos anos, uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apresentada hoje (26) afirma que o país não vai perder potencial como produtor de alimentos em função desse crescimento. Para isso, no entanto, o estudo Biocombustíveis no Brasil: Etanol e Biodiesel, ressalta a necessidade de o Estado regular a fabricação de etanol e priorizar a produção de alimentos com financiamento e infraestrutura.
O documento apresenta como um dos grandes desafios do mercado de etanol a estabilidade dos preços, que atualmente apresentam forte volatilidade durante o ano. Além da formação de um grande estoque regulador a partir deste ano, que estará contemplado com R$ 2,4 bilhões no próximo plano safra, outras medidas para evitar tais oscilações são a consolidação das compras futuras e a liberação da alíquota para importação de etanol, que era de 20% e foi suspensa pela Câmara de Comércio Exterior (Camex) no início de abril.
O mercado internacional de etanol, segundo a pesquisa, poderá atingir 200 bilhões de litros nos próximos dez anos. Na última safra, o Brasil produziu 25 bilhões de litros, dos quais 4,7 bilhões foram exportados. O protecionismo aos mercados externos, entretanto, pode apresentar um empecilho a essa expansão, de acordo com o Ipea.
Para contrapor os argumentos protecionistas, que se referem à sustentabilidade socioambiental, o estudo mostra que algumas iniciativas importantes devem ser reforçadas, como o Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Cana-de-Açúcar, entre sindicatos, governo e usineiros; e o Zoneamento Agroecológico (ZAE) da Cana-de-Açúcar, que proíbe sua expansão e a instalação de novas usinas na Amazônia, no Pantanal e na Bacia do Alto Paraguai.