Pilotos da Força Aérea Real da Malásia trabalham na cabine de um CN235 da aeronáutica malaia durante uma missão de busca e resgate pelo voo MH370 (Samsul Said/Reuters)
Da Redação
Publicado em 17 de março de 2014 às 20h38.
Kuala Lumpur - O copiloto do avião desaparecido da Malásia foi quem pronunciou as últimas palavras ouvidas da cabine, disse nesta segunda-feira o executivo-chefe da companhia aérea, enquanto os investigadores disseram estar considerando o suicídio do comandante ou um primeiro oficial como a possível explicação para o sumiço.
Nenhum indício do destino do voo MH370 da Malaysia Airlines foi identificado desde que desapareceu em 8 de março, com 239 pessoas a bordo. Os investigadores estão cada vez mais convencidos de que o aparelho foi desviado talvez milhares de quilômetros para fora de seu curso por alguém com profundo conhecimento do Boeing 777-200ER e de navegação comercial.
Uma busca em grande escala sem precedentes está em andamento, cobrindo uma área que se estende desde as margens do Mar Cáspio, no norte, até as profundezas do oceano Índico.
O executivo-chefe da linha aérea, Ahmad Jauhari Yahya, também disse em entrevista à imprensa que não ficou claro exatamente quando um dos sistemas de rastreamento automático do voo havia sido desativado, parecendo contradizer, assim, os comentários feitos no fim de semana por ministros do governo.
As suspeitas de sequestro ou sabotagem se fortaleceram ainda mais quando autoridades disseram no domingo que a última mensagem de rádio do avião - um informal "tudo bem, boa noite" - foi transmitida após o sistema de rastreamento, conhecido como "ACARS", ter sido desligado.
"As investigações iniciais indicam que foi o copiloto quem basicamente falou pela última vez em que foi gravado na fita", disse Ahmad Jauhari nesta segunda-feira, quando lhe perguntaram quem ele achava que havia dito as últimas palavras registradas.
Isso foi um sinal de saída para os controladores de tráfego aéreo à 1h19, quando o avião com destino a Pequim deixou o espaço aéreo da Malásia.
A última transmissão do sistema ACARS - um computador de manutenção que transmite dados sobre a situação do avião - tinha sido recebida à 1h07, quando o avião atravessou a nordeste da costa da Malásia e se dirigiu para o Golfo da Tailândia.
"Nós não sabemos quando o ACARS foi desligado depois disso", afirmou Ahmad Jauhari. "Deveria ter transmitido 30 minutos depois, mas essa transmissão não se concretizou."
Foco na Tripulação
O avião desapareceu das telas de controle de tráfego aéreo civil na costa leste da Malásia menos de uma hora depois de decolar de Kuala Lumpur. Autoridades malaias acreditam que alguém a bordo desligou os sistemas de comunicação quando o avião atravessava o Golfo da Tailândia.
A polícia da Malásia está checando detalhadamente o histórico dos pilotos e do pessoal em terra para quaisquer pistas sobre um possível motivo para o que eles dizem agora que está sendo tratado como uma investigação criminal.
Quando lhe perguntaram se a hipótese de um piloto ou copiloto suicida está sendo considerada, o ministro interino dos Transportes da Malásia, Hishammuddin Hussein, respondeu: "Estamos examinando isso. Mas é apenas uma das possibilidades sob investigação", acrescentou.
Os esforços intensivos de vários governos para investigar a fundo todos os ocupantes do avião não tinham, nesta segunda-feira, chegado a qualquer informação que relacionasse alguém a bordo com grupos militantes, nem qualquer pessoa com um motivo político ou criminoso conhecido que pudesse levar a um sequestro da aeronave ou um atentado, disseram fontes de segurança dos Estados Unidos e Europa.
Uma fonte familiarizada com as investigações dos EUA sobre o desaparecimento disse que os pilotos estavam sendo estudados por causa do conhecimento técnico necessário para desativar o sistema ACARS.
Muitos especialistas e autoridades dizem que, enquanto o transponder do jato pode ser desligado por um movimento súbito de um interruptor na cabine, para desligar o ACARS é preciso que alguém abra um alçapão fora da cabine, desça na barriga do avião e puxe um fusível ou disjuntor.
Seria necessário, portanto, alguém com conhecimento sofisticado dos sistemas de um Boeing 777, de acordo com pilotos e duas autoridades norte-americanas próximas à investigação.