"Estamos diante de uma investigação complexa, com muitas implicações internacionais", disse Michael Lauber (FABRICE COFFRINI/AFP)
Da Redação
Publicado em 17 de junho de 2015 às 11h25.
Berna - Promotores suíços que investigam a corrupção na Fifa identificaram 53 transações bancárias suspeitas, disse o procurador-geral do país nesta quarta-feira, ressalvando que uma investigação complexa pode levar um longo tempo para ser concluída.
Michael Lauber disse a jornalistas que não descarta a possibilidade de interrogar o presidente da Fifa, Joseph Blatter, e o secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, embora até agora a Suíça não tenha se concentrado em qualquer pessoa específica no escândalo que abalou o futebol mundial.
"Estamos diante de uma investigação complexa, com muitas implicações internacionais", disse ele, em seus primeiros comentários públicos desde que seu gabinete apreendeu dados de computadores da Fifa no mês passado.
"Não seria profissional apresentar, neste momento, um calendário detalhado. O mundo do futebol precisa ser paciente. Por sua natureza, esta investigação vai levar mais do que os lendários 90 minutos".
Também nesta quarta-feira, o terceiro maior banco listado na Suíça, o Julius Baer, informou que abriu uma investigação interna em conexão com a Fifa. A instituição informou que está cooperando com as autoridades e não especificou quando iniciou a investigação.
O procurador-geral foi claro sobre a possível convocação de Blatter e Valcke, entre outros, para interrogatório: "Haverá entrevistas formais com todas as pessoas relevantes. Por definição, isso não exclui entrevistar o presidente da Fifa e isso não exclui entrevistar o secretário-geral da Fifa".
Lauber disse que sua equipe havia obtido provas de 104 relações entre bancos e clientes, cada uma das quais representa várias contas. A Agência Contra a Lavagem de Dinheiro, da Unidade de Inteligência Financeira da Suíça, identificou as 53 transações suspeitas destacadas com base em informações fornecidas pelos bancos.
A Suíça, onde fica a sede da Fifa, anunciou no mês passado a abertura de uma investigação criminal sobre a escolha das sedes das Copas do Mundo de 2018 (Rússia) e 2022 (Catar) e apreendeu computadores na sede da entidade, no mesmo dia em que os Estados Unidos abalaram o esporte com o anúncio do indiciamento de 14 dirigentes e empresários de marketing do futebol, incluindo o ex-presidente da CBF José Maria Marin.
Dois dias depois, Blatter foi reeleito para um quinto mandato, mas na semana seguinte anunciou sua renúncia ao cargo.