Eleições italianas: ascensão do grupo de protesto Movimento 5 Estrelas e o retorno surpreendente de Silvio Berlusconi colocaram em dúvida as condições para Bersani governar (Giorgio Perottino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 25 de fevereiro de 2013 às 09h17.
Milão - O baixo comparecimento às urnas nas eleições gerais da Itália levou os investidores a apostarem em uma vitória da coalizão pró-reformas de centro-esquerda, e as ações operavam em alta no país na manhã desta segunda-feira.
Pesquisas de intenção de votos sugerem que o Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, de Pierluigi Bersani, deve garantir uma vitória apertada na eleição do país, a terceira maior economia da zona do euro e que enfrenta uma recessão.
Mas a ascensão do grupo de protesto Movimento 5 Estrelas, liderado pelo comediante Beppe Grillo, e o retorno surpreendente do líder de centro-direita Silvio Berlusconi colocaram em dúvida as condições para Bersani governar, mesmo que ele faça aliança com o partido centrista do atual premiê tecnocrata, Mario Monti.
No entanto, o baixo comparecimento às urnas no primeiro dia de votação na Itália, no domingo, incentivou alguns investidores a pensarem que a centro-esquerda tem maiores chances de ganhar contra o PDL, de Berlusconi, que tem uma ampla base de adeptos entre os idosos.
"Devido à menor participação, as pessoas estão apostando em uma vitória da centro-esquerda", disse um trader de Milão.
A neve em várias cidades italianas e o mau tempo geral no país mantiveram alguns eleitores em casa no domingo, quando a participação foi de 55 por cento, ante 62,5 por cento em uma eleição anterior. A votação continua até às 11h (horário de Brasília) desta segunda-feira, quando os volumes de negócios devem subir.
O principal índice de ações da Itália subia 2,3 por cento, em um mercado de ações em geral em alta na Europa, graças também a fortes ganhos da Ásia durante a noite.
"O mercado espera uma coalizão de centro-esquerda com Monti que poderia dar estabilidade suficiente nos próximos meses", disse o estrategista de mercado Filippo Diodovich, da corretora IG Italy.
"Mas continuamos cautelosos até que as pesquisas de boca-de-urna sejam conhecidas." A diferença de rendimento entre os títulos de 10 anos italianos e alemães está atualmente em cerca da metade em relação ao final de 2011, quando Monti foi chamado para tirar a Itália da beira de um possível default que teria afundado a zona do euro.
Mas os custos de empréstimos italianos são ainda muito altos, de acordo com banqueiros e empresas da Itália.
Analistas dizem que os rendimentos dos títulos da 10 anos, agora em 4,4 por cento, poderão cair para 4 por cento em caso de um governo estável, mas subiriam para 4,75 a 4,90 se os resultados da eleição não forem conclusivos.
A Comissão Europeia prevê que a economia da Itália vai encolher até 1 por cento em 2013, pior do que o esperado e ainda uma dolorosa lembrança dos desafios que aguardam o sucessor de Monti.