Enchentes no Alabama, Estados Unidos (REUTERS)
Da Redação
Publicado em 30 de dezembro de 2015 às 22h31.
Washington - As fortes chuvas e inundações que há dias castigam os Estados Unidos já deixaram 22 mortos e ameaçam milhões de pessoas no centro e no sul do país, especialmente na bacia do rio Mississipi, onde amplas áreas foram evacuadas pelo perigo de alguns diques colapsarem.
As autoridades estão monitorando estreitamente nesta quarta-feira a situação de 19 diques no rio Mississipi e seus afluentes, em cujas margens centenas de voluntários, auxiliados pela Guarda Nacional, se apressam para amontoar bolsas de areia e reforçar as proteções em muitos pontos para evitar novas inundações.
Calcula-se que nas áreas nas quais as autoridades declararam alertas pelo perigo de possíveis inundações vivem 15 milhões de pessoas, que seguem com atenção a situação dos rios e as notícias sobre o progresso destes trabalhos de reforço para evitar que milhares de casas fiquem alagadas.
O Serviço Meteorológico Nacional advertiu que o Mississipi superará em alguns pontos seu maior nível desde as inundações de 1993 e inclusive as de 1973 devido à tempestade, que foi batizada de "Goliath" e que afetou especialmente o estado do Missouri, o sul de Illinois e o leste de Oklahoma e Arkansas.
Muitas povoações destes estados já se viram inundadas e em outras se mantêm os trabalhos para controlar a alta das águas, sobretudo em Missouri e Illinois.
As chuvas se deslocaram e afetam uma faixa que percorre toda a costa atlântica e o Golfo do México, mas também se concentram no alto vale do Mississipi e nos Grandes Lagos, razão pela qual o perigo de inundações se manterá nos próximos dias, à medida que alimentem os afluentes do Mississipi.
As áreas mais ameaçadas pela crescida dos rios correspondem aos estados de Illinois, o leste de Oklahoma e Missouri, o mais afetado pelo temporal, enquanto a tempestade, muito estranha para esta época do ano, provocou a emissão de advertências de enchentes nas duas Carolinas, na Geórgia e no sul de Alabama.
Até agora, pelo menos 22 mortes foram atribuídas às chuvas e às inundações, sobretudo em acidentes de trânsito registrados em áreas alagadas, o que obrigou o fechamento de várias ruas e trechos de estradas interestaduais.
O Serviço Nacional de Meteorologia reconheceu que esta é uma das ocasiões em que as inundações na bacia do rio Mississipi se registraram mais cedo, já que o habitual é que aconteçam na primavera ou no verão, devido à combinação das chuvas frequentes na época e o degelo das neves.
A Guarda Costeira também fechou para a navegação um trecho de quase dez quilômetros do rio Mississipi perto da cidade de Saint Louis, devido às inundações e ao perigo de fortes correntes.
O governador do Missouri, Jay Nixon, pediu à Guarda Nacional para fazer frente às "históricas inundações" e a ajudar as equipes de emergências, indicou em comunicado seu escritório.
A situação na bacia do Mississipi alcançou seu ponto crítico na terça-feira de manhã, quando o rio começou a crescer e chegou a níveis impróprios para esta época do ano, na qual o frio e a neve costumam predominar no meio oeste do país.
As autoridades determinaram que era necessário evacuar a região que rodeia a cidade de West Alton (Missouri) e continuaram com outras localidades do mesmo estado ao longo do dia, segundo o Serviço Nacional de Meteorologia.
As cenas de homens empurrando pás para tirar a água de suas casas e de veículos presos entre o barro seguem se repetindo nos estados de Illinois, Arkansas e Oklahoma, onde centenas de moradores também foram desalojados de suas casas.
O governador de Illinois, Bruce Rauner, declarou na última hora de terça-feira a situação de desastre em sete condados de seu estado, o que implica no envio de ajuda adicional para complementar a que já está sendo proporcionada pelas entidades locais e algumas ONGs.
As chuvas e suas consequentes inundações foram tão fortes que o estado de Illinois teve que transferir ontem à noite um grupo de presos para fora de uma prisão estadual, pois suas celas corriam o risco de ficar alagadas, segundo informou a imprensa local.
O presidente dos EUA, Barack Obama, também assinou ontem uma declaração de situação de desastre no estado de Oklahoma para poder enviar ajuda federal a este estado, fortemente golpeado pelo incomum temporal de inverno que provocou o despejo de centenas de moradores.