Enchentes no Paraguai: "O governo está decidido a fazer estas obras. Não podemos continuar expondo a população aos problemas que as inundações trazem", enfatizou (Jorge Adorno/ Reuters)
Da Redação
Publicado em 28 de dezembro de 2015 às 15h40.
Dois homens morreram nesta segunda-feira quando tentavam realizar tarefas para diminuir os prejuízos elétricos causados pelas inundações no Paraguai, elevando para seis o número de mortos pela cheia dos rios - obrigando a evacuação de 140.000 pessoas na última semana.
Um funcionário da companhia estatal de eletricidade (Ande) morreu em decorrência de uma descarga elétrica quando tentava repor um fluido elétrico em San Patrício, a 200 km de Assunção, juntando-se a outro funcionário que perdeu a vida quando realizava uma pode de árvores perto da rede elétrica no bairro de Sajonia da capital paraguaia, segundo a polícia.
Quatro outras pessoas morreram esmagadas por árvores quando viajavam em seus veículos durante uma tempestade na região metropolitana da capital, na quinta-feira véspera de Natal.
Nas últimas semanas, várias áreas ficaram sem energia devido a tempestades e fortes ventos que atingem grandes áreas do território, informaram porta-vozes da Direção de Meteorologia.
A forte chuva acelera a inundação de rios e córregos, um fenômeno que já deslocou mais de 90.000 pessoas na área de Assunção e outras 50.000 no restante da orla do rio Paraguai.
O presidente Horacio Cartes visitou nesta segunda-feira as vítimas das cidades de Alberdi e Pilar, distantes 230 e 430 km respectivamente de Assunção, a quem incentivou não resistir às alarmantes inundações.
"Eu entendo que não queiram deixar suas casas, mas eu quero que vocês saibam que existem alternativas. Temos lugares em Assunção. No entanto, nós vamos respeitar sua decisão", disse o chefe de Estado a residentes de Alberdi.
Técnicos da Secretaria de Emergência Nacional (SEN) alertaram as pessoas de Alberdi, vizinha à cidade argentina de Formosa, que a parede de contenção de água pode render se o rio continuar a subir.
A massa de água segunda-feira subiu dois centímetros na região de Assunção e está a apenas um metro do pico histórico de 1983, quando atingiu nove metros e inundou o porto e as principais ruas do centro.
"É uma característica da natureza com a qual temos de conviver", disse Cartes às vítimas de Alberdi.
O ministro da Fazenda paraguaio, Santiago Peña, disse à AFP que o governo prevê começar em janeiro um gigantesco muro de contenção que abarcará todo o litoral de Assunção (Costa Norte e Costa Sul) estimado em cerca de 300 milhões de dólares.
Parte do financiamento será dado pelos Fundos Estruturais do Mercosul (Focem).
"O governo está decidido a fazer estas obras. Não podemos continuar expondo a população aos problemas que as inundações trazem", enfatizou.
Peña estimou em 10 milhões de dólares os custos associados aos danos causados pelas inundações apenas na capital. O atual é o terceiro pico de cheia em 2015, relacionado ao fenômeno El Niño.