índia: Incêndio no Serum, maior fabricante de vacina no mundo teve um dos prédios afetado por incêndio (afp/AFP)
Da Redação
Publicado em 21 de janeiro de 2021 às 08h22.
Última atualização em 21 de janeiro de 2021 às 12h58.
O Instituto Serum, na Índia, foi atingido por um incêndio na manhã desta quinta-feira, 21. O instituto é o maior fabricante de vacinas do mundo e parceiro na produção da vacina contra a covid-19 de AstraZeneca e da Universidade de Oxford.
Segundo a imprensa indiana, o incêndio ocorreu em um prédio que passava por uma obra. Vídeos e fotos da ANI, uma parceira da Reuters, mostraram fumaça negra emanando de um edifício cinza do complexo gigantesco que sedia o Serum em dezenas de hectares na cidade de Pune, no oeste indiano.
Segundo o jornal Times of India, ao menos cinco pessoas morreram, possivelmente trabalhadores que atuavam na obra do prédio.
De acordo com as informações até agora, as vacinas contra o coronavírus produzidas no instituto não foram afetadas, pois estão sendo fabricadas em outro prédio.
Mais cedo, o presidente do Serum, Adar Poonawalla, havia recorrido ao Twitter logo após o acidente para dizer que alguns andares foram destruídos, mas afirmando que, até então, não havia vítimas confirmadas.
Por volta das 9h30 (horário de Brasília), o executivo informou sobre as atualizações, confirmou que o incêndio havia deixado vítimas e ofereceu condolências às famílias. "Obrigada a todos por sua preocupação e orações", escreveu mais cedo.
We have just received some distressing updates; upon further investigation we have learnt that there has unfortunately been some loss of life at the incident. We are deeply saddened and offer our deepest condolences to the family members of the departed.
— Adar Poonawalla (@adarpoonawalla) January 21, 2021
No fim da manhã o governo brasileiro se pronunciou e disse que a área de produção de vacinas não foi afetada e que não impacta na importação do imunizante que o Brasil ainda espera.
"Importante esclarecer que não houve prejuízo na produção das vacinas e nem no estoque. O incêndio atingiu dois andares do Terminal 1, onde está sendo construída uma nova fábrica. Bombeiros foram até o local com dez caminhões para o controlar o fogo e evitaram que o fogo se espalhasse", diz a nota enviada à imprensa.
Ao todo, o Serum está produzindo cerca de 50 milhões de doses da vacina de AstraZeneca/Oxford, com foco em países de baixa e média renda, como o Brasil.
O Brasil ainda aguarda o envio das vacinas da AstraZeneca vindas do Serum. O governo da Índia anunciou que começou nesta quarta-feira, 20, a exportar vacinas contra a covid-19, mas o Brasil ficou de fora da lista inicial de exportação.
São aguardadas 2 milhões de doses vindas da Índia. Na semana passada, um avião brasileiro chegou a ser enviado para buscar o material, mas parou em Recife antes de cruzar o Atlântico, ante a falta de confirmação do governo indiano que as vacinas seriam entregues.
O governo indiano começou a vacinar sua própria população no fim de semana com a vacina de Oxford e outro imunizante, da Bharat Biotech, e aguardou até que a imunização local fosse iniciada antes de começar a exportar as vacinas.
A vacina de AstraZeneca/Oxford foi aprovada para uso emergencial pela Anvisa no domingo e será posteriormente feita no Brasil em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz. Enquanto a vacina não chega, o Brasil começou no domingo a vacinação com 6 milhões de doses da Coronavac, da chinesa Sinovac. Novas doses para além das aprovadas precisarão de nova autorização da Anvisa.
Em outra frente, seguem as discussões sobre como agilizar o envio por parte da China do princípio ativo para produzir mais as vacinas no Brasil.
No caso da vacina da AstraZeneca, a própria produção interna pela Fiocruz, prevista para fevereiro, foi adiada nesta semana para março em meio à demora na liberação do princípio ativo pelo governo chinês. A vinda do princípio ativo da China também é importante para o Instituto Butantan, que disse que pode parar de produzir doses da Coronavac já nesta quarta-feira, 20, diante da falta do material.
Também cresce no Brasil nesta semana a expectativa para uma liberação da vacina russa Sputnik V, a mesma usada na Argentina. A farmacêutica União Química, que deseja fabricar a vacina no Brasil, deve ter nesta quinta-feira uma reunião com a Anvisa. Há expectativa por uma liberação até sábado.
A agência havia se recusado na semana passada a analisar um primeiro pedido de uso emergencial, pelo imunizante não ter feito testes no Brasil. Estados como Bahia e Paraná já fecharam a compra da vacina. Ontem, o ministro do STF, Ricardo Lewandowski, determinou que a Anvisa esclareça o estágio em que se encontra a análise do imunizante e eventuais pendências.
(Com Reuters)