Monróvia - A Libéria anunciou nesta terça-feira que encontrou os 17 pacientes infectados com ebola que fugiram no fim de semana de um centro de isolamento em Monróvia, uma fuga que havia provocado o temor de uma expansão da epidemia contagiosa.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que a epidemia segue em propagação na África Ocidental, mas destacou sinais promissores em dois dos países afetados, Nigéria e Guiné.
Desde o início da epidemia, em março, a febre hemorrágica muito contagiosa provocou 1.229 mortes (casos confirmados, suspeitos ou prováveis), segundo o balanço mais recente da OMS de 16 de agosto: 466 na Libéria, 394 em Guiné, 365 em Serra Leoa e quatro na Nigéria.
Um missionário espanhol também morreu, no início de agosto, em um hospital de Madri, poucos dias depois de ter sido repatriado da Libéria.
Infectados com ebola retornam a pé
Dezessete pacientes infectados com o vírus ebola que fugiram de um centro de quarentena em Monróvia atacado durante o fim de semana foram encontrados, anunciou nesta terça-feira o ministro liberiano da Informação, Lewis Brown.
"Os 17 pacientes que fugiram do centro para enfermos de ebola foram encontrados. Retornaram a pé ao hospital JFK", o principal do país, afirmou à AFP o ministro.
Os 17 haviam sido internados em um centro de isolamento no bairro de West Point, subúrbio de Monróvia, e seriam transferidos a um hospital.
Brown também informou que seis integrantes da equipe médica reagiram de maneira positiva a um soro experimental americano.
O centro de isolamento da capital liberiana foi atacado e saqueado na madrugada de domingo por homens armados com facas e cassetetes. Eles alegavam que não acreditavam na presença do vírus.
"O pior é que os que saquearam o centro pegaram colchões e toalhas manchadas de fluidos dos corpos dos doentes", lamentou na segunda-feira Brown, que chegou sugerir a possibilidade de colocar em quarentena o bairro de West Point, de 75.000 habitantes. A medida já foi adotada em três províncias do norte do país.
Novos casos de ebola
Segundo a OMS, entre 14 e 16 de agosto foram registrados 113 novos casos de ebola e 84 mortes nos países africanos, 53 delas apenas na Libéria, onde a situação é considerada especialmente preocupante.
A progressão da epidemia é intensa, apesar da mobilização internacional, sem precedentes desde o surgimento da doença em 1976.
Mas a OMS - que decretou em 8 de agosto uma emergência de saúde pública mundial e recomendou medidas de exceção nos países afetados - citou leves melhorias na Nigéria, o país de maior população da África, e também em Guiné.
"Há sinais promissores nos dois países", declarou a porta-voz da organização, Adelfa Chaira, em Genebra.
"O que é um bom sinal na Nigéria é que até agora foi identificada apenas uma cadeia de transmissão", disse, em referência a um homem com cidadania americana e liberiana, Patrick Sawyer, que faleceu no fim de julho em Lagos, onde desembarcou para uma viagem, e as pessoas que contaminou.
"É uma boa notícia", disse, antes de citar os "efeitos positivos" das medidas tomadas e a "vigilância" das autoridades nigerianas.
Em Guiné, origem da epidemia em março, a porta-voz citou "algumas medidas eficazes", mas destacou que o foco ainda não está controlado.
Mas diante da magnitude da crise na região, a OMS trabalha com o Programa Alimentar Mundial (PAM) para encaminhar ajuda a um milhão de pessoas que estão em quarentena em diversas regiões da Libéria, Nigéria e Serra Leoa.
Os demais países africanos continuam anunciando medidas preventivas. Camarões fechou na segunda-feira a fronteira com a Nigéria.
*Atualizada às 13h28 do dia 19/08/2014
-
1. O que é ebola?
zoom_out_map
1/13 (Tommy Trenchard/Reuters)
São Paulo -
Ebola é uma
doença viral aguda que causa febre hemorrágica. É causada por três das cinco espécies dentro do gênero. Duas espécies são capazes de infectar seres humanos, mas não parecem causar a doença. Os outros três podem causar graus variáveis de doença. O vírus Ebola Zaire é a estirpe mais mortal, e tem sido identificada como a causa do surto atual. Em epidemias anteriores, esta estirpe teve uma taxa de mortalidade de 90%.
-
2. A origem
zoom_out_map
2/13 (Frederick Murphy/CDC/Handout via Reuters)
A origem do vírus é incerta. Mas alguns especialistas acreditam que os morcegos podem abrigar o vírus em seu trato intestinal. Os primeiros seres humanos infectados e que espalharam a doença provavelmente caçaram e comeram um animal infectado.
-
3. A epidemia atual
zoom_out_map
3/13 (Tommy Trenchard/Reuters)
Este já é considerado o maior surto desde que o vírus ebola foi descoberto há quase 40 anos. O surto foi declarado em março, na Guiné. Desde então, a doença se espalhou para a Libéria, Serra Leoa e Nigéria e matou 60% dos infectados. São 1323 pessoas infectadas e 887 mortes, segundo o último balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 60 mortes foram de trabalhadores de saúde que procuravam controlar a doença.
-
4. Os sintomas
zoom_out_map
4/13 (AFP)
Após o contágio, o paciente pode demorar até 21 dias antes de manifestar a doença. Os sinais são semelhantes aos da gripe, incluindo dores abdominais, febre, vômitos e diarreia. O quadro se agrava com a desidratação, insuficiência do fígado e dos rins, e hemorragia.
-
5. Transmissão
zoom_out_map
5/13 (Ahmed Jallanzo/Agência Lusa/Agência Brasil)
O vírus é transmitido diretamente pelo contato direto com sangue ou fluidos corporais dos infectados, inclusive dos mortos. O contágio é maior quando os pacientes já estão em estágios terminais, com hemorragia interna e externa, vômitos e diarreia, que contêm altas concentrações do vírus.
-
6. O tratamento
zoom_out_map
6/13 (Cellou Binani/AFP)
Não há um remédio específico para a doença. Os sintomas costumam ser tratados separadamente. Por exemplo, o soro intravenoso pode evitar a desidratação, enquanto um antitérmico diminui a febre. Já os analgésicos podem diminuir as dores. Aqueles que têm a doença identificada e recebem tratamento mais cedo têm mais chances de sobreviver à infecção. Infelizmente, como os sintomas são genéricos e parecidos com de outras doenças, o diagnóstico pode demorar.
-
7. Como se proteger
zoom_out_map
7/13 (AFP)
A melhor forma de se proteger da doença é evitar os locais onde há surto de ebola. Entre as recomendações do ministro da Saúde, Arthur Chioro, para quem tiver de viajar para estes países estão, por exemplo, seguir recomendações que serão dadas pelas autoridades sanitárias locais. Chioro aconselha os viajantes a não entrar em contato com secreções, vômitos e sangue das pessoas que são vítimas das doenças, que devem estar em isolamento e tratamento médico.
-
8. Epidemia global
zoom_out_map
8/13 (Tommy Trenchard / Reuters)
O risco de o vírus ser disseminado da África para a Europa, Ásia ou para as Américas é extremamente baixo, de acordo com especialistas em doenças infecciosas. O professor belga Peter Piot, um dos descobridores do vírus ebola, descartou uma epidemia fora do continente africano, em entrevista à AFP. Mesmo que um portador do ebola viaje até Europa, Estados Unidos ou outra região da África, o cientista não acredita que isto possa causar uma epidemia importante, pois a infecção requer um contato muito próximo. Mas Piot pediu que as vacinas e os tratamentos, promissores nos animais, sejam testados em humanos.
-
9. Vacina experimental
zoom_out_map
9/13 (sxc.hu)
Pesquisadores americanos planejam testar, em breve, uma vacina experimental contra o ebola. Se bem sucedida, poderá imunizar até 2015 trabalhadores de saúde, que estão na linha de fogo da epidemia. No próximo mês, os Institutos Nacionais da Saúde dos Estados Unidos começarão os testes em humanos da vacina, que já é promissora nas experiências em macacos.
-
10. Fronteiras fechadas
zoom_out_map
10/13 (Gary Cameron/Reuters)
Guiné, Libéria e Serra Leoa anunciaram na sexta-feira (2) que vão colocar em quarentena a região fronteiriça comum, onde surgiu o último surto do vírus ebola. O anúncio foi feito durante uma reunião de emergência para discutir a epidemia e depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertar que o ebola pode provocar uma perda catastrófica de vidas e prejuízos econômicos, caso a epidemia não seja controlada.
-
11. Não há mercado para a vacina
zoom_out_map
11/13 (AFP)
Segundo a AFP, até agora não se conseguiu convencer as companhias farmacêuticas a investir em uma vacina contra o ebola. Andrea Marzi e Heinz Feldmann, do instituto de virologia NIAID, disseram em artigo publicado em abril que, com surtos esporádicos que costumam afetar um pequeno número de pessoas na África, não existe um mercado comercial para uma vacina contra a doença.
-
12. Medicação
zoom_out_map
12/13 (Samaritans Purse/Divulgação via Reuters)
Herve Raoul, especialista em patógenos e pesquisador do Instituto Médico Francês de Saúde, disse à AFP que o ideal é desenvolver um antiviral que ajude os doentes a superar a fase mais aguda da doença. No entanto, essa medicação não existe hoje. Atualmente, os especialistas só podem aconselhar medidas preventivas, como isolar os infectados, tomar precauções para evitar o contato com fluidos corporais e enterrar os mortos com rapidez.
-
13. Agora veja 10 países onde respirar faz mal à saúde
zoom_out_map
13/13 (Reuters)