COP26: oportunidade de a indústria brasileira atrair investimentos (Agência/Getty Images)
A ArcelorMittal, fabricante de aço, o Grupo Energisa, de energia, a JBS, de alimentos, e a Suzano, de papel e celulose, são algumas das indústrias que têm suas iniciativas de redução das emissões apresentadas no estande do Brasil na 26ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas (COP26).
Elas já foram expostas previamente em outubro, dia 25, na 126ª reunião do Conselho de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Coemas) da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Em Glasgow, na Escócia, cada uma dessas iniciativas da indústria tem destaque em um dos pilares da estratégia de transição para uma economia de baixo carbono elaborada pela CNI. São eles: precificação de carbono, transição energética, economia circular e conservação florestal.
A CNI afirma que o Brasil já se encontra na vanguarda da transição energética, “com elevada participação de fontes renováveis na matriz elétrica e segue em uma trajetória sustentável, ampliando cada vez mais o uso dessas fontes energéticas, como a eólica, solar e bioenergia, além de apostar em novas tecnologias, como o hidrogênio verde”.
Para que isso aconteça, a indústria defende a expansão do uso de fontes renováveis, o reconhecimento da importância dos biocombustíveis, o estímulo ao desenvolvimento de novas tecnologias de baixo carbono e ações de eficiência energética.
Em uma das frentes, o Programa Aliança, desenvolvido pela CNI e parceiros, busca reduzir o consumo de energia e de água em grandes indústrias por meio de ajustes nos processos de produção, identificar oportunidades de tratamento e reaproveitamento de efluentes e resíduos e de redução das emissões de gases do efeito estufa.
A primeira etapa do Aliança foi implementada entre 2017 e 2020 em 12 plantas industriais de setores como siderurgia, metalurgia e mineração, cimento, papel e celulose e químico. O potencial é de economizar 611 GWh/ano e evitar a emissão de mais de 40 toneladas de CO2. As indústrias participantes investiram R$ 5,75 milhões na iniciativa.
Na frente de precificação de carbono, a CNI propõe a adoção de um mercado baseado no sistema “cap and trade”, em que empresas com volume de emissões inferior ao autorizado podem vender o excedente para as que lançam uma quantidade maior de gases de efeito estufa na atmosfera, o que estimulará investimentos em tecnologias limpas.
No pilar de economia circular, a defesa é pela gestão estratégica dos recursos naturais, ampliando práticas de economia circular como ecodesign, manutenção, reúso, remanufatura e reciclagem, ao longo de toda a cadeia de valor.
Por fim, em conservação florestal, o setor industrial defende a ampliação das áreas sob concessão florestal no país, o fortalecimento do manejo florestal sustentável e o estímulo aos negócios voltados à bioeconomia. Uma ação mais efetiva de combate ao desmatamento ilegal e às queimadas, sobretudo, na Amazônia, diz a CNI, é fundamental para reduzir os riscos associados às secas nas áreas de produção agropecuária e à perda da biodiversidade.
A COP26 também traz a oportunidade de a indústria brasileira atrair investimentos. Segundo dados levantados pela CNI, a América Latina e o Caribe ficaram com apenas 4,5% dos recursos de fundos climáticos. Para se ter uma ideia, a Ásia conquistou 38% desses recursos.