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Da Redação
Publicado em 6 de julho de 2014 às 13h43.
Jacarta - Cerca de 186 milhões de indonésios estão convocados às urnas na próxima quarta-feira, dia 9 de julho, para escolher o substituto do presidente em fim de mandato, Susilo Bambang Yudhoyono, e consolidar a maior democracia do Sudeste Asiático por mais cinco anos.
Joko Widodo, o popular governador de Jacarta conhecido popularmente como 'Jokowi', e Prabowo Subianto, um controverso ex-general do exército, finalizam amanhã uma campanha que oscilou entre a modernidade das novas tecnologias e a retórica nacionalista.
Os próprios nomes das legendas, o Partido de Movimento de Grande Indonésia (Gerindra) de Prabowo, de 62 anos; e o Partido Democrático da Indonésia para a Luta (PDI-P) de Jokowi, de 52 anos, ilustram a personalidade dos oponentes.
Prabowo, relacionado a abusos dos direitos humanos no Timor-Leste e durante as revoltas de 1998, reúne as qualidades de alguém tenaz e de forte personalidade que pode desembocar em episódios de ira.
Durante a campanha, o ex-general apelou à memória de Sukarno, herói da independência do país, com proclamações nacionalistas e, inclusive, usando microfones com estética dos anos 50.
'Democracia significa o governo do povo. Mas o que está acontecendo na Indonésia agora é uma 'cleptocracia' (estado governado por ladrões)', afirmou em um comício no qual apareceu montado em um cavalo branco sobre o qual fez ostentou seus dotes de cavaleiro.
Prabowo buscou o apoio das classes pobres ao reiterar que a Indonésia deixará de estar 'à venda', em alusão às multinacionais que exploram os recursos naturais do país, onde sua família tem negócios em mineração, extração de carvão e na indústria de papeleira.
O candidato também prometeu melhorar a situação dos camponeses, que formam grande parte dos 28 milhões de indonésios, ou os 11% que vivem abaixo da linha de pobreza.
O ex-general elegeu Hatta Rajasa como seu parceiro e aspirante à vice-presidência, após ter liderado o partido islâmico moderado, Partido do Mandato Nacional (PAN), nas eleições legislativas em abril deste ano.
No começo do ano, Jokowi tirava vantagem nas intenções de voto de 30% a Prawobo, que reduziu para entre 3% e 6%, segundo as distintas enquetes.
Uma razão é a imponente máquina eleitoral de Prawobo, que também conseguiu atrair o apoio de uma incomum mistura de partidos nacionalistas e islâmicos, incluindo o histórico Partido Golkar e a formação do presidente em fim de mandato, embora Yudhoyono se mantenha 'neutro'.
Jokowi, que conta com o respaldo da presidente do PDI-P, a ex-presidente Megawati Sukarnoputri, tentou diferenciar sua candidatura à margem da classe política tradicional em uma tentativa de preservar sua imagem de líder honesto e afastado da corrupção.
O governador de Jacarta utilizou com força o Twitter e as novas tecnologias para chegar a grande parte dos jovens com menos de 30 anos, que somam 55 milhões de eleitores.
No entanto, sua campanha, que dependia em grande parte de voluntários, foi menos contundente que a de seu rival Prabowo, embora tenha contado com o apoio de grande parte do mundo artístico e, inclusive, exibiu suas habilidades como roqueiro durante um comício.
Esta campanha foi a mais tecnológica da história da Indonésia, com uso em massa de telefones celulares, aplicativos de smartphone com alusão aos candidatos e marketing de projeto.
No entanto, também teve um lado obscuro na campanha de desprestígio contra Jokowi, sobre o qual verteram rumores que na realidade era cristão e filho de um pai chinês, o que foi negado pelo candidato.
Além disso, seus oponentes o acusam de ser uma marionete de Megawati e de ter traído suas convicções ao nomear Jusuf Kalla como seu parceiro eleitoral para a vice-presidência.
Kalla, que já ocupou a vice-presidência entre 2004 e 2009, é membro do Partido Golkar do ex-ditador Suharto e foi recentemente criticado por sua aparição no documentário 'O Ato de Matar', indicado ao Oscar em 2013.
Apesar das dúvidas na campanha, o candidato do PDI-P confia que sua popularidade como bom prefeito de Só, na Ilha de Java, e governador de Jacarta lhe permitirá alcançar a vitória.
'Conheço os números. Sei para onde vou, portanto é fácil. Tenho muita confiança que vamos ganhar', declarou Jokowo em uma entrevista ao jornal 'Financial Times'.
Os eleitores contarão com quatro dias de jornada de reflexão, até a próxima quarta-feira, para escolher o novo dirigente da Indonésia, o maior país muçulmano do mundo e um dos membros do G-20. EFE