Tsunami: em 2004, ondas gigantes atingiram e destruíram a costa asiática (Nur/Getty Images)
AFP
Publicado em 26 de dezembro de 2019 às 10h17.
Última atualização em 26 de dezembro de 2019 às 10h23.
São Paulo - Milhares de pessoas compareceram nesta quinta-feira aos cemitérios da província de Aceh, na Indonésia, para homenagear as vítimas do tsunami devastador que, há 15 anos, deixou mais de 220.000 mortos neste e em outros países do Pacífico, em uma das piores catástrofes naturais da história.
Em um prado verde do distrito de Aceh Besar, onde pelo menos 47.000 vítimas foram enterradas, os parentes dos desaparecidos rezaram e espalharam pétalas de flores sobre as sepulturas, enquanto consolavam uns aos outros.
Nurhayati perdeu uma filha na catástrofe. "Venho todos os anos, porque sinto muita falta dela. Tinha apenas 17 anos e acabara de começar a universidade", explica à AFP entre lágrimas a mulher de 65 anos.
"Há 15 anos e até hoje, cada vez que vejo o oceano, inclusive na televisão, tremo e tenho a impressão de que vai chegar uma grande onda", admite.
Em 26 de dezembro de 2004, um violento terremoto de 9,3 graus de magnitude foi registrado no fundo do mar ao longo da ilha de Sumatra e desencadeou um tsunami de mais de 30 metros de altura. A tragédia deixou mais de 220.000 vítimas nos países do Oceano Índico, incluindo Tailândia, Índia e Sri Lanka. O impacto também foi sentido no leste da África.
A Indonésia foi o país que sofreu o maior número de perdas em vidas humanas: ao menos 170.000 mortos e desaparecidos.
Meio milhão de sobreviventes ficaram sem casa na devastada província de Aceh.
Muhammad Ikramullah tinha apenas 13 anos no momento do tsunami, que arrastou seus pais, irmãos e irmãs. O jovem passou vários anos entre as casas de diversos parentes e amigos de seus pais, antes de ter a capacidade de viver por conta própria.
"Eu continuo traumatizado, jamais esquecerei o que aconteceu", explica o homem de 28 anos. Os corpos de seus parentes nunca foram encontrados, mas ele sempre reza diante de uma das sepulturas coletivas em que foram enterradas centenas de vítimas.
De forma regular, as sepulturas coletivas recebem novos restos mortais, como em 2018, quando 40 vítimas foram encontradas perto das obras de um edifício.
O arquipélago da Indonésia está localizado no círculo de fogo do Pacífico e sofre com frequência atividade sísmica.
Em dezembro do ano passado, outro tsunami provocado por uma erupção vulcânica deixou mais de 500 mortos no estreito de Sonda, que separa as ilhas de Java e Sumatra.