Brasileiro condenado à morte na Indonésia: Jacarta ignorou os apelos de líderes mundiais e executou seis condenados por tráfico de drogas no final de semana (Beawiharta/Reuters)
Da Redação
Publicado em 19 de janeiro de 2015 às 10h54.
Jacarta - A Indonésia declarou que mantém sua política de execução de traficantes de drogas, dentre eles estrangeiros. O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores Arrmanatha Nasir afirmou nesta segunda-feira que a retirada dos embaixadores do Brasil e da Holanda não vai prejudicar as relações diplomáticas com esses países.
Jacarta ignorou os apelos de líderes mundiais e executou seis condenados por tráfico de drogas no final de semana. Um deles era uma mulher indonésia e cinco eram estrangeiros: homens do Brasil, Malawi, Nigéria e Holanda, além de uma mulher vietnamita.
Nasir disse que os governos do Brasil e da Holanda chamaram seus embaixadores para consultas, o que, segundo ele, é um direito normal de cada país.
"A Indonésia não deve temer a defesa da lei", declarou Nasir. Ele reiterou que a Indonésia está em estado de "emergência para drogas."
O presidente Joko Widodo, que rejeitou os pedidos de clemência dos seis condenados em dezembro, recusou um apelo de última hora feito pela presidente Dilma Rousseff e pelo governo holandês para que seus cidadãos - o brasileiro Marco Archer, de 53 anos, e o holandês Ang Kiem Soe, de 52 - não fossem executados.
O ministro de Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, declarou que as execuções "criam uma mancha, uma sombra no relacionamento bilateral".
Para o ministro de Relações Exteriores holandês, Bert Koenders, as execuções foram "uma negação inaceitável da dignidade e integridade humana".
O governo nigeriano também protestou contra o fato de a execução de um cidadão de seu país ter acontecido "na contramão" das excelentes relações bilaterais entre os dois países.
O coordenador do Ministério para Política, Lei e Segurança, Tedjo Edhy, demonstrou confiança de que as execuções não prejudicarão as relações diplomáticas, acrescentando que a execução de indonésios no exterior não tem impacto nos laços diplomáticos com outros países.
Edhy garantiu que a Indonésia não discrimina quando impõe a pena de morte. "O presidente afirma que esta é uma decisão do Estado e, portanto, os países de origem dos condenados - incluindo os dos que foram executados -, devem respeitar e honrar a lei", afirmou ele.
A Indonésia, país formado por um amplo arquipélago com 250 milhões de habitantes, tem leis extremamente duras a respeito de drogas e geralmente executa traficantes.
Mais de 138 pessoas estão no corredor da morte, a maioria por crimes relacionados a drogas. Cerca de um terço dessas pessoas de estrangeira. Fonte: Associated Press.