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Índios temem que Trump autorize oleoduto em terras sagradas

Os indígenas norte-americanos obtiveram uma vitória com a proibição da obra, mas temem que Trump reverta a decisão

Indígenas: obra atravessaria terras sagradas para os indígenas (Lucas Jackson/Reuters)

Indígenas: obra atravessaria terras sagradas para os indígenas (Lucas Jackson/Reuters)

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AFP

Publicado em 10 de dezembro de 2016 às 14h24.

Os ameríndios comemoraram nesta semana a rejeição pelas autoridades americanas do projeto original de um polêmico oleoduto em Dakota do Norte (norte dos Estados Unidos), embora a alegria possa ser ofuscada pelos temores de que Donald Trump reverta a decisão quando assumir a presidência.

Milhares de integrantes de tribos indígenas, ambientalistas e defensores dos direitos dos povos nativos se reuniram na segunda-feira na região de Cannon Ball, no norte dos Estados Unidos, onde montaram barracas para protestar contra o projeto da empresa Energy Transfer Partners.

Desde abril, a tribo sioux da reserva indígena de Standing Rock denuncia que o oleoduto, batizado Dakota Acces Pipeline, ameaçaria suas fontes de água potável, atravessando o rio Missouri e o lago artificial Oahe, e danificaria locais onde foram enterrados seus ancestrais.

"Ainda há questões pendentes", ponderou Dallas Goldtooth, um dos líderes do protesto, após a vitória obtida no domingo passado, quando o Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos vetou o projeto original do oleoduto.

Estava previsto que o oleoduto atravessaria quatro estados ao longo de 1.886 km e transportaria o petróleo desde a fronteira com o Canadá até Illinois, mais ao sul.

"A grande questão é saber o que a administração Trump vai fazer", disse Goldtooth à AFP, acrescentando que o clima entre os indígenas e seus defensores é de "muita, muita cautela".

Trump, que assumirá a presidência em 20 de janeiro, está más inclinado que seu predecessor a aprovar este projeto.

"Apoiamos a construção" do oleoduto, disse na segunda-feira o diretor de comunicações do presidente eleito, Jason Miller. "Vamos avaliar toda a situação ao chegar à Casa Branca e tomaremos decisões em função disso".

O futuro governo de Trump poderia, potencialmente, reverter a decisão atual e outorgar a autorização de construção.

A luta continua

Trump, que segundo vários meios americanos é proprietário de parte da sociedade Energy Transfer Partners, tinha previsto se reunir na segunda-feira com Kevin Cramer, deputado por Dakota do Norte na Câmara de Representantes.

Cramer criticou uma "decisão lamentável que manda um sinal espantoso" àqueles que desejam empreender trabalhos de infraestrutura nos Estados Unidos.

A equipe de transição do presidente eleito se reuniu, ainda, com o senador de Dakota do Norte, John Hoeven, que também apoiou o projeto do oleoduto.

"O melhor modo de concluir este trabalho de forma responsável e ativa é explorar rotas alternativas pelas quais o oleoduto pode passar", disse no domingo a subsecretária de obras civis do Exército americano, Jo Ellen Darcy.

A Energy Transfer Partners denunciou, por sua vez, uma decisão "puramente política" de parte da administração do presidente Barack Obama.

"Não somos contrários à independência energética, ao desenvolvimento econômico ou às questões de segurança nacional, mas devemos nos assegurar que essas decisões sejam tomadas com o aval dos povos indígenas", explicou o líder dos sioux de Standing Rock, Dave Archambault.

O governo de Trump deveria "respeitar esta decisão e compreender o complexo processo que nos trouxe até este ponto", acrescentou.

Nesta luta, que se tornou um símbolo da resistência nos Estados Unidos, a tribo recebeu o apoio de simpatizantes de diferentes meios, como o político e o artístico, e de cerca de 2.000 veteranos do Exército americano, que se uniram ao protesto durante o fim de semana, antes do ultimato para os manifestantes evacuarem, nesta segunda-feira, a zona ocupada.

Nas últimas semanas, as forças de segurança reprimiram duramente as manifestações para bloquear a obra, que em alguns momentos se tornaram violentas.

A comemoração da vitória da véspera dava lugar, na segunda-feira, à mobilização, segundo Goldtooth, que afirmou: "Todo mundo é consciente de que a luta está longe de ter terminado".

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