Os indígenas do Tipnis esclarecem que não se opõem ao projeto viário, mas criticam o projeto da estrada de cortar pela metade sua reserva (Antonio Scorza/AFP)
Da Redação
Publicado em 10 de agosto de 2012 às 11h58.
La Paz - Organizações indígenas da Amazônia, do leste e do sul da Bolívia confirmaram nesta segunda-feira que farão uma nova passeata para se manifestar contra a construção de uma estrada financiada pelo Brasil e impulsionada pelo presidente Evo Morales no parque Tipnis, mas ainda não definiram a data do protesto.
O presidente da Confederação de Povos Indígenas do Oriente da Bolívia (Cidob), Adolfo Chávez, disse à Agência Efe que as instituições reunidas na cidade amazônica de Trinidad concordaram em definir a data antes do fim deste mês.
Segundo ele, a reunião realizada desde domingo não teve a presença de uma organização de índios guaranis, mas todos os demais povos 'estão com o espírito firme para fazer respeitar os direitos individuais e coletivos'.
Os dirigentes da Cidob farão as consultas no Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis), no centro do país, para analisar opções a fim de concretizar a nova mobilização.
Morales aprovou em fevereiro uma lei para consultar os indígenas do Tipnis sobre a construção da estrada, depois que grupos de camponeses, indígenas e produtores de coca realizaram uma contramanifestação rumo a La Paz para apoiar a obra viária.
Entre agosto e outubro do ano passado, os nativos do Tipnis e a Cidob fizeram uma primeira passeata para rejeitar plenamente a estrada, mas o movimento foi brutalmente reprimido pela polícia e bloqueado por seguidores de Morales antes de ser recebido triunfantemente em La Paz.
Os indígenas do Tipnis esclarecem que não se opõem ao projeto viário, mas criticam o projeto da estrada de cortar pela metade essa reserva ecológica, por temor a uma invasão ainda maior de produtores de folha de coca, matéria-prima para elaborar cocaína.
A nova passeata de defesa do parque nacional terá o respaldo de guaranis do Brasil, Argentina e Paraguai, conforme antecipou há poucos dias o presidente do Conselho Continental da Nação Guarani, o boliviano Celso Padilla.