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Da Redação
Publicado em 10 de agosto de 2012 às 11h41.
La Paz - Centenas de indígenas da Amazônia bloquearam nesta segunda-feira a entrada do prédio da Vice-Presidência da Bolívia, situada perto do palácio de governo, em La Paz, com o objetivo de pedir ao presidente Evo Morales um diálogo direto para impedir a construção de uma estrada na reserva natural do Tipnis.
Os índios montaram no último fim de semana um acampamento com 120 barracas em frente à Vice-Presidência e, nesta segunda-feira, aumentaram sua pressão ao impedir os funcionários de entrarem ou saírem do edifício, em protesto contra a rodovia financiada pelo Brasil - por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - e a cargo da empreiteira brasileira OAS.
O dirigente do Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis), Fernando Vargas, disse que os nativos não deixarão a Vice-Presidência até que Morales determine a suspensão das barricadas policiais que, por sua vez, impedem o acesso dos nativos à praça Murillo, onde ficam o palácio de governo e o Parlamento.
O vice-presidente boliviano, Álvaro García Linera, pode trabalhar em outros escritórios do Palácio Quemado e do Congresso, segundo disse à Agência Efe uma fonte dessa entidade, que também denunciou que os indígenas agrediram funcionários que tentaram entrar na Vice-Presidência.
Os indígenas, entre os quais há dezenas de crianças doentes, montaram seu acampamento depois que a polícia impediu na última sexta-feira uma manifestação até a praça Murillo.
Eles chegaram a La Paz na semana passada, após 62 dias de caminhada desde o departamento de Beni, pedindo a Morales para desistir de construir a estrada por temerem que ela destrua o Tipnis e que o território seja invadido por produtores de coca, matéria-prima da cocaína.
O parque tem uma superfície de 1,2 milhão de hectares onde vivem 14 mil nativos das etnias trinitária-moxeña, yuracaré e chimán, junto a um extraordinário habitat de fauna e flora.
Em entrevista coletiva, Morales voltou a acusar os indígenas de 'conspiração' por bloquearem a Vice-Presidência e de terem um plano para 'derrubá-lo' e provocar mortes, denúncia similar à de poucos dias atrás perante um motim de policiais por um aumento salarial.