Mundo

Índia tenta censurar conteúdos da internet e gera discórdia

Os internautas rejeitaram a tentativa do governo indiano e estão usando as redes sociais para ridicularizar o ministro das Comunicações do país, Kapil Sibal

Segundo dados do Facebook, a Índia é, com 34 milhões, o terceiro país do mundo com mais usuários desta rede social, atrás apenas dos Estados Unidos e da Indonésia
 (Wikimedia Commons)

Segundo dados do Facebook, a Índia é, com 34 milhões, o terceiro país do mundo com mais usuários desta rede social, atrás apenas dos Estados Unidos e da Indonésia (Wikimedia Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de dezembro de 2011 às 10h57.

Nova Délhi - A intenção do governo da Índia de censurar conteúdos da internet encontrou a rejeição de empresas do setor e, principalmente, dos internautas, que estão usando as redes sociais para ridicularizar o ministro das Comunicações do país, Kapil Sibal.

Recentemente, Sibal revelou que entrou em contato com os gerentes das mais importantes redes sociais e buscadores para a eliminação de conteúdos 'censuráveis', o que incomodou os internautas.

Os fóruns na rede foram alimentados com opiniões contra a simples possibilidade de censura na internet. No Twitter indiano, as 'tags' mais publicadas tem o nome do ministro, a combinação mais popular delas '#IdiotKapilSibal' ('Kapil Sibal Idiota').

De acordo com a imprensa local, a iniciativa do Executivo indiano surgiu por causa da publicação de fotos manipuladas do primeiro-ministro, Manmohan Singh, e da líder do governante Partido do Congresso, Sonia Gandhi - o que deu origem a piadas que sugerem um possível nome para a lei de controle: SONIA, como sigla de Social Networking Inspection Act (Norma de inspeção das redes sociais).

Além disso, a ideia do ministro Kapil também encontrou a oposição de sites como Google e Facebook, e embora reconheçam 'o interesse do Governo em minimizar o conteúdo abusivo' na rede, os responsáveis do Facebook na Índia disseram em comunicado que seu portal já possui mecanismos para eliminar textos e imagens contrárias a sua própria normativa interna.

Segundo dados do Facebook, a Índia é, com 34 milhões, o terceiro país do mundo com mais usuários desta rede social, atrás apenas dos Estados Unidos e da Indonésia.


Em comunicado citado pela agência local 'Ians', o Google Índia disse que 'é preciso diferenciar o que é polêmico do que é ilegal' e também se referiu aos mecanismos de controle de conteúdos do próprio site de busca.

A oposição dos operadores e internautas não dissuadiu o ministro, que advertiu na terça-feira em entrevista coletiva convocada de surpresa que o Governo levará adiante, com a cooperação das empresas ou sem elas. 'Pediremos informação (aos portais), dando tempo para tramitarem. Mas um ponto é certo: não permitiremos esse tipo de conteúdo', disse Kapil.

O plano do ministro, contudo, enfrenta ainda problemas técnicos. 'No controle da internet há uma dificuldade técnica, já que é impossível que uma máquina discrimine o que é 'censurável' do que não é', explicou à Agência Efe o responsável de uma organização indiana de estudos sobre a internet.

Para o diretor do Centro Internet e Sociedade, Sunil Abraham, o problema é mais ético do que tecnológico, já que 'apenas um juiz está habilitado para eliminar conteúdos, e precisa de evidências dos danos cometidos, o que é quase impossível quando há censura prévia'.

Pelos dados oficiais do Governo, a Índia é o mercado de telecomunicações que mais cresce no mundo; no qual a cada mês se acrescentam 18 milhões de novas conexões e que deve chegar aos 200 milhões de assinantes em 2020.

Esta intenção governamental de controlar os conteúdos da internet não é exclusiva da Índia. São muitos os países que impuseram controles, ou ao menos tentaram. As mensagens de celulares passaram pelo mesmo crivo.

Há um mês, o organismo regulador da telefonia celular no Paquistão tentou impor uma lista de termos censuráveis ou diretamente proibidos nas mensagens. A lista, que incluía termos religiosos como Jesus Cristo, vazou para a imprensa, gerando uma série de desmentidos oficiais e levando à desistência do projeto de censura. 

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaCensuraÍndiaInternetseguranca-digital

Mais de Mundo

Justiça da Bolívia retira Evo Morales da chefia do partido governista após quase 3 décadas

Aerolineas Argentinas fecha acordo com sindicatos após meses de conflito

Agricultores franceses jogam esterco em prédio em ação contra acordo com Mercosul

Em fórum com Trump, Milei defende nova aliança política, comercial e militar com EUA