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Índia supera 250.000 mortes por covid-19

A explosão de casos na Índia é atribuída aos eventos políticos e religiosos lotados e por uma variante do coronavírus, chamada B.1.617, detectada pela primeira vez em outubro

Muitos especialistas acreditam que os números reais estão provavelmente subnotificados (Adnan Abidi/Reuters)

Muitos especialistas acreditam que os números reais estão provavelmente subnotificados (Adnan Abidi/Reuters)

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AFP

Publicado em 12 de maio de 2021 às 08h49.

A Índia superou nesta quarta-feira (12) a marca de 250.000 mortes por covid-19, com uma aceleração fatal de casos provocada por uma variante local que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), está presente em pelo menos 44 países de todo o mundo.

E quando as grandes campanhas de vacinação começam a apresentar resultados na Europa e Estados Unidos, a inquietação sobre o fármaco da AstraZeneca afeta Canadá e Brasil.

Desde sua detecção em dezembro de 2019 na China, o coronavírus matou pelo menos 3,3 milhões de pessoas em todo o mundo, com mais de 158 milhões de casos, e atualmente afeta a Índia com força.

De acordo com os números do ministério da Saúde da Índia, 4.205 pessoas morreram nas últimas 24 horas, o que eleva o balanço total de vítimas fatais a 254.197 desde o início da pandemia no país de 1,3 bilhão de habitantes.

Muitos especialistas acreditam que os números reais estão provavelmente subnotificados.

"O número de mortes é muito maior do que revelam os dados oficiais", declarou à AFP Anant Bhan, pesquisador independente de Política de Saúde e Bioética.

"Mesmo um número três ou quatro vezes maior estaria subestimado", completou.

Na Índia, país com um dos sistemas de saúde que enfrenta mais problemas de financiamento no planeta, os hospitais lotados não conseguem atender todos os pacientes e os crematórios não têm condições de enfrentar o volume de cadáveres.

Corpos flutuando foram observados no rio sagrado Ganges, o que aumenta o medo de que o vírus estaria provocando grandes danos no vasto interior rural da Índia, onde vivem dois terços da população.

Nesta quarta-feira, o número de cadáveres de supostas vítimas da covid-19 às margens do Ganges no estado de Bihar (norte) chegou a 71, segundo as autoridades.

A explosão de casos no país é atribuída aos eventos políticos e religiosos lotados dos últimos meses e por uma variante do coronavírus, chamada B.1.617, e detectada pela primeira vez na Índia em outubro.

Muitos países suspenderam ou limitaram os voos com a Índia para impedir a propagação da variante que, no entanto, já foi detectada em pelo menos 44 países, afirmou a OMS na terça-feira.

Sem contar a Índia, o Reino Unido seria o país com mais casos desta variante, que a OMS classificou na semana passada de "preocupante", ao lado de outras três detectadas na Grã-Bretanha, Brasil e África do Sul.

Pedidos de ajuda

Para conter a pandemia, vários países pediram vacinas aos Estados Unidos, país mais afetado do mundo com mais de 500.000 mortes e que, desde a posse do presidente Joe Biden em janeiro, acelerou a campanha de imunização.

"Praticamente 40% dos líderes mundiais ligam e perguntam se podemos ajudá-los. Vamos tentar", disse Biden, no momento em que seu país enfrenta uma grande pressão para compartilhar o enorme excedente de doses.

O presidente americano se comprometeu no mês passado a distribuir 60 milhões de doses da vacina AstraZeneca, e a Índia deve ser uma das principais beneficiadas. O governo dos Estados Unidos já doou milhões de doses para México e Canadá.

O presidente de México, Andrés Manuel López Obrador, pediu à vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, mais doses e disse que a resposta foi "favorável".

Dúvidas sobre a AstraZeneca

A vacina do laboratório anglo-sueco, desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford, é a mais utilizada do mundo, mas as dúvidas persistem sobre os eventuais efeitos colaterais.

O Brasil suspendeu na terça-feira o uso da vacina da AstraZeneca em grávidas após um "evento adverso grave", que está sendo investigado pelo ministério da Saúde.

Ontário, a província de maior população do Canadá, e a Eslováquia também suspenderam na terça-feira a administração da primeira dose do fármaco por dados que mostram um maior risco de coagulação sanguínea.

Vários países europeus já limitaram o uso da vacina da AstraZeneca a determinadas faixas etárias pelo risco, considerado raro, de coágulos. Mas tanto a OMS como a Agência Europeia de Medicamentos consideram que os benefícios são maiores que os riscos.

A AstraZeneca enfrenta ainda uma disputa por atrasos em suas entregas na União Europeia (UE). A Comissão Europeia deseja que a justiça belga obrigue a empresa a entregar 90 milhões de doses pendentes antes de julho.

Apesar da incerteza, a vacinação é vital para superar a pandemia.

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