Índia corre o risco de registrar 500.000 casos diários de covid-19 (Punit PARANJPE/AFP)
AFP
Publicado em 5 de maio de 2021 às 08h43.
Última atualização em 5 de maio de 2021 às 11h00.
O Banco Central da Índia anunciou nesta quarta-feira (5) um pacote bilionário de ajuda para combater a devastadora segunda onda de covid-19 no país, que deve alcançar 6,7 bilhões de dólares em empréstimos para financiar fabricantes de vacinas, hospitais e empresas do setor de saúde.
Os empréstimos a juros baixos estarão disponíveis até 31 de março de 2022, anunciou o presidente do Banco da Reserva da Índia (RBI), Shaktikanta Das, que prometeu medidas "não convencionais" em caso de agravamento da crise.
Shaktikanta Das fez o anúncio depois que ministério da Saúde anunciou um balanço de 3.780 mortes por covid-19 na terça-feira, um recorde no país, e 382.000 novos casos da doença.
A devastadora onda da pandemia é atribuída, entre outras razões, aos grandes eventos religiosos e políticos dos últimos meses e à falta de ação do governo.
"O objetivo imediato é preservar a vida humana e restaurar os meios de subsistência por todos os meios possíveis", afirmou Das.
Ao mesmo tempo, o presidente do Banco Central não recomendou um confinamento nacional porque restrições já são aplicadas nas regiões mais afetadas pelo vírus.
"A velocidade devastadora com a qual o vírus afeta diferentes regiões do país deve ser acompanhada por ações rápidas e de amplo alcance", afirmou Das.
As medidas do RBI pretendem melhorar o acesso ao atendimento médico de emergência durante a pandemia. Com as mudanças, a instituição terá mais facilidade para conceder empréstimos a juros baixos a hospitais, fabricantes de oxigênio e até pacientes.
O Banco Central também concederá a algumas empresas um prazo adicional para o pagamento dos empréstimos, como o objetivo de apoiar a economia, explicou Das.
O sistema de atendimento médico da Índia, com recursos insuficientes, tem problemas para enfrentar o momento da pandemia, com pacientes que morrem nas portas dos hospitais devido à falta de atendimento e de oxigênio.
A Índia, de 1,3 bilhão de habitantes, registra mais de 222.000 mortes e quase 20,3 milhões de casos desde o início da pandemia.
Alguns especialistas consideram que o aumento do número de casos pode prosseguir até o fim de maio e alcançar a marca de 500.000 novos contágios por dia.
O país tenta se recuperar após vários meses de rígido confinamento, situação que provocou o colapso do mercado de trabalho e a contração de quase 25% de sua economia entre abril e junho do ano passado.
A terceira maior economia da Ásia já estava em desaceleração, mesmo antes da pandemia. A paralisação da atividade mundial provocada pela covid-19 e o confinamento estrito do país agravaram a situação.
Temendo outra crise econômica como a de 2020, as autoridades adotaram restrições, mas hesitam a impor um confinamento generalizado.
No domingo, a Confederação da Indústria Indiana (CII) pediu ao governo que atue e "reduza a atividade econômica".
"Temos que adotar medidas de resposta do nível mais elevado para romper a cadeia de contágio e também aproveitar este período para reforçar rapidamente as capacidades", disse o presidente da CII, Uday Kotak.
O governo do primeiro-ministro Narendra Modi ignorou inclusive um pedido do Supremo Tribunal para analisar medidas mais rígidas.
Para estimular a economia, a Índia iniciou uma campanha de vacinação em janeiro, mas até o momento apenas 160 milhões de doses foram administradas.