Lombardi: "histórias de divisões e conflitos" são "pura fantasia", disse o porta-voz (Alberto Pizzoli/AFP)
Da Redação
Publicado em 13 de março de 2013 às 13h52.
Cidade do Vaticano - O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, disse nesta quarta-feira que as duas fumaças de cor negra após as três primeiras votações "é algo normal" e não representa uma divisão entre os cardeais, que estão fechados desde ontem em conclave para escolher o sucessor de Bento XVI.
Segundo Lombardi, a situação está dentro do esperado e significa uma "busca por consenso". Em entrevista coletiva com a imprensa no segundo dia de conclave, o porta-voz afirmou que os 115 cardeais eleitores estão encerrados na Capela Sistina com intenção de votar naquele que considerarem mais adequado e que todas as "histórias de divisões e conflitos" são "pura fantasia".
Lombardi disse que os cardeais estão bem, de "bom humor", e nesta manhã alguns foram andando até a capela Paulina, onde realizaram uma missa antes de entrarem na Capela Sistina.
Perguntado se algum cardeal está doente e se todos compareceram nesta quarta-feira à votação, já que ontem um deles foi visto em uma cadeira de rodas e outro andando acompanhado de um ajudante, o porta-voz disse que em sua opinião "todos estão bem".
"Isto foi demonstrado pela rapidez do voto, como vimos na fumaça de hoje (que saiu meia hora antes do horário previsto). Se tivessem sido utilizados os "infirmari" (encarregados de recolher o voto dos doentes), todo o procedimento teria demorado mais. Por isso, acho que todos estão na Sistina", argumentou.
O porta-voz revelou os componentes acrescentados à queima das cédulas para originar a fumaça branca, que anuncia ao mundo que a Igreja tem novo papa, ou a negra, que indica que ainda não designaram um pontífice.
Para produzir a branca se usa clorato de potássio, lactose e colofónia, e para a negra perclorato de potássio, antraceno e enxofre.
A fumaça preta de ontem e hoje, em ambos casos muito espessa, não obscureceu os afrescos pintados por Michelangelo na capela Sistina "nem prejudicou a saúde dos cardeais", brincou.
Diante da eventualidade da missa de início de pontificado do novo papa poder ser realizada em 19 de março, Lombardi disse que está era "uma boa hipótese", mas que antes o pontífice deverá ter sido escolhido.
O porta-voz, no entanto, esclareceu que Bento XVI não assistirá a esta missa, mas está acompanhando o conclave com "muita participação espiritual" e com preces.
Sobre a presença no conclave de cardeais como o americano Roger Mahony, sob cuja gestão ocorreram centenas de casos de abusos contra menores por parte de sacerdotes, Lombardi afirmou que estes clérigos já deram "respostas e explicações".
"Estamos convencidos de que esses cardeais são pessoas que devemos estimar e que têm todo o direito de estarem presentes no conclave", opinou.
Segundo a americana Rede de Sobreviventes Abusados por Sacerdotes (SNAP), os cardeais que não combateram com o rigor suficiente os assédios cometidos contra menores, entre os quais Mahony foi citado, não deveriam participar do conclave.
Lombardi disse que não se deve estranhar o fato da SNAP ter aproveitado o conclave para repetir suas acusações e considerou que a rede está marcada por "preconceitos negativos".