A participação pode superar os 47% registrados nas últimas eleições presidenciais, realizadas em 1997 (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 27 de outubro de 2011 às 20h35.
Dublin - A incerteza sobre quem será o sucessor de Mary McAleese e a baixa participação nas urnas marcaram as eleições presidenciais na Irlanda que geraram mais interesse durante a campanha eleitoral que nesta quinta-feira de votação.
No fechamento das urnas às 22h locais (19h de Brasília), a emissora de TV irlandesa "RTE", que não divulgou pesquisas boca de urna, informou que a participação nas urnas rondava 50% em muitas das 43 circunscrições eleitorais irlandesas.
A participação pode superar os 47% registrados nas últimas eleições presidenciais, realizadas em 1997, mas ficará muito abaixo dos 70% alcançado no pleito legislativo de fevereiro passado, índice mais alto desde 1987.
Os centros de votação abriram às 7h locais (4h de Brasília) e permaneceram abertos durante 15 horas. A apuração dos votos começa nesta sexta-feira às 9h locais (6h de Brasília), mas os resultados definitivos não devem ser divulgados antes de sábado.
Pouco mais de 3 milhões de irlandeses estavam habilitados a comparecer às urnas para escolher, entre sete candidatos, o presidente da República para os próximos sete anos, um cargo basicamente representativo.
O fato de que quase metade do eleitorado tenha ficado em casa ao invés de participar do processo político reflete a baixa credibilidade de alguns candidatos que, no entanto, partiriam sempre com desvantagem se comparados à atual presidente, McAleese, e sua antecessora, Mary Robinson, as mais populares da história da Irlanda.
No entanto, a campanha foi acompanhada com bastante interesse, já que a implacável cobertura da imprensa sobre a vida dos candidatos teve como resultado a revelação de inúmeros escândalos.
Como alguns observadores previram no início após analisar a lista de candidatos, não há um nome de consenso. Embora o favorito nas pesquisas seja o independente Sean Gallagher, de 49 anos, o trabalhista Michael D. Higgins - o mais velho, com 70 anos - se transformou no principal aspirante para as casas de apostas.
Nos últimos dias, Gallagher, empresário de sucesso e conhecido por sua participação em um reality show, não soube responder com clareza aos ataques dos rivais, que o acusam de tráfico de influência.
Ele foi acusado de receber um empréstimo sem juros de quase 83 mil euros de uma de suas empresas, valor que supera os 10% dos ativos da companhia e, em consequência, viola a legislação da Irlanda. Também é acusado de canalizar doações para o partido Fianna Fáil (legenda atualmente de oposição), à qual ele esteve vinculado no passado.
Sua queda poderia inclusive beneficiar o terceiro favorito nas pesquisas, Martin McGuinness, candidato do partido Sinn Féin, ex-ministro principal da Irlanda do Norte e antigo dirigente do hoje inativo Exército Republicano Irlandês (IRA).
Embora suas chances de superar Higgins sejam baixas, uma segunda posição, obtida com uma boa porcentagem de votos, seria benéfica ao partido nacionalista como reforço de suas aspirações expansionistas no sul da ilha.
Quem também pode recuperar apoio, embora talvez não suficiente para ganhar, é o senador independente David Norris, considerado no início desta campanha como o favorito para se transformar no primeiro presidente irlandês abertamente homossexual.
O senador obteve de última hora o apoio necessário para relançar sua candidatura, depois de, em agosto passado, se ver obrigado a retirá-la por causa de um escândalo sexual e de tráfico de influência que envolvia também seu ex-namorado.
Entre os candidatos a princípio sem chances estão Gay Mitchell, Mary Davis e Dana Rosemary Scallon.
Foram realizadas nesta quinta-feira duas consultas populares sobre propostas para reformar a Constituição e uma eleição parcial na circunscrição de Dublin-Oeste para cobrir a vaga parlamentar deixada em junho passado pelo falecido ex-ministro das Finanças Brian Lenihan.
A apuração dos votos dessas três eleições começará assim que terminar a contagem dos votos das presidenciais.