Homens armados, tidos como soldados russos, perto de uma base militar em Perevalnoye, próximo da cidade Simferopol, na Crimeia (Baz Ratner/Reuters)
Da Redação
Publicado em 2 de abril de 2014 às 20h19.
Bruxelas - A Rússia vem concentrando todas as forças de que necessitaria na fronteira da Ucrânia para o caso de decidir realizar uma "incursão" no país e poderia alcançar o seu objetivo em três a cinco dias, disse um alto comandante militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) nesta quarta-feira.
Definindo a situação como "incrivelmente preocupante", o comandante supremo dos aliados da Otan na Europa, o general da Força Aérea norte-americana Philip Breedlove, disse que a Otan tinha visto sinais de movimento em uma parte muito pequena da força russa durante a noite, mas não possui nenhuma indicação de que isso faça parte de uma retirada para os quartéis.
A ocupação e anexação da região ucraniana da Crimeia pela Rússia causou a crise mais profunda nas relações Leste-Oeste desde a Guerra Fria, o que levou os Estados Unidos e a Europa a impor sanções a Moscou. Eles disseram que vão endurecer as punições se a Rússia for além da Crimeia e invadir o leste da Ucrânia.
Chefes militares da Otan temem que a força russa na fronteira com a Ucrânia, que eles estimam tenha ao redor de 40 mil soldados, possa representar uma ameaça para o leste e sul da Ucrânia.
"Essa é uma força muito grande, muito capaz e muito pronta", disse Breedlove em entrevista à Reuters e ao The Wall Street Journal.
As forças da Rússia incluem aeronaves e apoio de helicópteros, bem como hospitais de campanha e aparatos de guerra eletrônica, "todo o conjunto que seria necessário para ter sucesso em uma incursão na Ucrânia, se houver essa decisão", disse Breedlove.
"Achamos que estão prontas para agir e pensamos que poderiam realizar os seus objetivos dentro de três a cinco dias, se direcionadas para agirem." A Rússia diz não ter a intenção de invadir o país vizinho, embora desde a derrubada em fevereiro do presidente ucraniano Viktor Yanukovich, apoiado por Moscou, o país reafirme seu direito de intervir para proteger a etnia russa, se necessário.
Uma maior intervenção russa na Ucrânia seria um "erro histórico" que iria aprofundar o isolamento internacional de Moscou, disse nesta quarta-feira o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen.
Breedlove afirmou que a Rússia pode ter vários possíveis objetivos: uma incursão no sul da Ucrânia para estabelecer um corredor em terra para a Crimeia; ir além da Crimeia até o porto ucraniano de Odessa, no Mar Negro; ou até mesmo ameaçar se conectar à Transdnístria, região separatista da Moldávia onde a maioria da população é de língua russa, a oeste da Ucrânia.
A Rússia também tem forças ao norte e nordeste da Ucrânia que poderiam entrar no leste ucraniano se Moscou ordenar, disse Breedlove.
Ele declarou que a Otan não planeja nenhuma resposta militar aos acontecimentos na Ucrânia, que não é um membro da aliança atlântica: "Nós realmente precisamos resolver isso de maneira pacífica, pois um conflito militar seria muito caro para a Europa e para as nações envolvidas."