Foto de Mandela é visto em uma corrente humana para o cortejo do líder sul-africano Nelson Mandela, em Mthatha (Siphiwe Sibeko/Reuters)
Da Redação
Publicado em 13 de dezembro de 2013 às 15h31.
Qunu - A chegada de um exército de repórteres, fotógrafos e cinegrafistas para o funeral no domingo de Nelson Mandela se tornou um pesadelo para o esquema de segurança da cerimônia e a chance de um dinheiro extra para os negociantes locais.
Policiais e soldados fecharam o centro de Qunu, vila do herói anti-apartheid, a 700 km de Johanesburgo, e mandaram os jornalistas para um campo no topo de uma colina a um quilômetro do cemitério.
Seguindo o desejo da família de Mandela por uma cerimônia privada, as únicas imagens do enterro de uma das maiores figuras do século 20 serão feitas pela TV estatal e por um fotógrafo oficial.
No céu sobre a vila, aviões militares controlam o espaço aéreo tanto para a segurança de importantes convidados como o príncipe Charles, do Reino Unido, quanto para impedir que alguém acompanhe a cerimônia de helicóptero.
A grande estrutura erguida para acomodar familiares, líderes tribais, autoridades do governo e convidados oficiais já praticamente bloqueia a visão do local onde Mandela será enterrado.
Patrulhas armadas, no entanto, fazem a vigilância das colinas nos arredores e já apanharam fotógrafos buscando pontos que ofereçam alguma visão da cerimônia, que deve misturar aspectos da tradição Xhosa com a pompa militar.
"Se vocês tiverem qualquer acesso aos momentos privados da família, vocês serão removidos", disse Neo Momodu, porta-voz do governo, à imprensa nesta sexta-feira.
Nem todo mundo está insatisfeito com a chegada de centenas de jornalistas e técnicos em Qunu, uma vila de apenas algumas centenas de casas.
Logo depois do anúncio da morte de Mandela, aos 95 anos, em 5 de dezembro, donos de hospedarias na região já haviam triplicado o preço das tarifas.
Adolescentes vendem sob as árvores bebidas geladas para matar a sede dos jornalistas.
"A gente é autônomo e tem que se virar de alguma maneira," disse Anna Kinana, que trabalha numa barraquinha de cachorro-quente e frango grelhado à beira da estrada.