Rafael Correa: desde que iniciou seu mandato, em 2007, Rafael Correa manteve uma disputa com vários meios de comunicação do país (©AFP / Dani Pozo)
Da Redação
Publicado em 21 de agosto de 2012 às 15h44.
Quito - A Associação Equatoriana de Editores de Jornais (AEDEP) considerou nesta terça-feira que a concessão de asilo diplomático ao fundador de WikiLeaks, Julian Assange, é uma "operação política" do governo de Rafael Correa para melhorar sua imagem internacional em assuntos de liberdade de expressão.
"Achamos que de alguma maneira o governo equatoriano está usando a figura do senhor Assange, a celebridade deste personagem, para recompor ou reparar a imagem do presidente Correa no exterior", disse à Agência Efe o diretor da AEDEP, Diego Cornejo.
Na opinião do diretor, em temas sobre liberdade de expressão, a imagem de Correa se viu afetada pelo julgamento por calúnias contra o jornal "El Universo" por causa de um editorial, e também pelo processo contra dois jornalistas autores de um livro sobre os contratos de seu irmão com o Estado.
A Justiça deu razão a Correa, mas o dirigente perdoou os sentenciados, uma decisão que obedeceu, de acordo com Cornejo, à pressão internacional.
O dirigente da AEDEP informou que a organização reconhece o direito de qualquer cidadão a "buscar amparo, proteção ou asilo" e o "direito" de qualquer Estado ou governo a concedê-lo, "inclusive sem dar explicações, só admitindo que há um risco de perseguição". Disse também que acha "muito difícil" que o Reino Unido conceda o salvo-conduto a Assange, mas opinou que o país "deveria fazer isso".
No entanto, afirmou que os membros da AEDEP não reconhecem Assange como um ícone da liberdade de expressão e do jornalismo mundial. "Nós produzimos um jornalismo que não implica o roubo de informação. Um hacker, por princípio, está roubando informação, está usando meios não legitimamente ou democraticamente aceitos para obter informação", disse, lembrando que no Equador há uma lei de acesso à informação.
O Equador concedeu na quinta-feira passada o asilo a Assange, que havia se refugiado em junho na embaixada do país em Londres e de onde não pode sair sem um salvo-conduto do governo do Reino Unido, que quer extraditá-lo para a Suécia, onde seria interrogado por supostos crimes sexuais.
Desde que iniciou seu mandato, em 2007, Rafael Correa manteve uma disputa com vários meios de comunicação do país.
Em julho passado, Correa ordenou a suspensão da publicidade oficial em vários meios privados, que responderam acusando o presidente de atentar contra a liberdade de expressão.