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Impedir novos ataques é impossível, diz coordenador da UE

Coordenador antiterrorismo da União Europeia considerou que não há solução contra o terrorismo e estimou que "não é possível impedir um novo atentado"

O coordenador da luta contra o terrorismo na União Europeia (UE), Gilles de Kerchove (Emmanuel Dunand/AFP)

O coordenador da luta contra o terrorismo na União Europeia (UE), Gilles de Kerchove (Emmanuel Dunand/AFP)

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Da Redação

Publicado em 13 de janeiro de 2015 às 14h36.

Bruxelas - O coordenador da luta contra o terrorismo na União Europeia (UE), Gilles de Kerchove, considerou nesta terça-feira que não há uma solução milagrosa contra o terrorismo e estimou que "não é possível impedir um novo atentado", em uma entrevista exclusiva à AFP.

"Não há uma solução milagrosa (...) Acredito que é com prevenção, detecção e repressão que tentaremos evitar que volte a se repetir. Mas não será possível impedir 100%", declarou.

Kerchove considerou ser "difícil dizer que se trata de uma ameaça europeia", mas advertiu que a "ameaça segue sendo séria".

O grupo Estado Islâmico "é alvo de uma ação militar e, portanto, tem razões para se vingar. Enquanto a Al-Qaeda quer mostrar que segue na competição", explicou a autoridade.

Enquanto isso, "a Frente Al-Nusra, filial da Al-Qaeda na Síria, trabalha junto a um grupo de ex-jihadistas afegãos bem treinados na busca de cidadãos europeus com passaportes válidos, que os americanos chamam de 'clean skin' (sem antecedentes), que possam entrar facilmente na UE ou viajar sem despertar suspeitas", lembrou.

Gilles de Kerchove também considerou que "as prisões são incubadoras de radicalização em massa", razão pela qual defende "trabalhar em todos os aspectos das políticas" contra o terrorismo, não apenas no que se refere à segurança, mas também à prevenção.

"Nem tudo foi feito, mas temos de trabalhar duro sobre a radicalização na prisão", disse.

"Merah foi radicalizado na prisão. Coulibaly foi radicalizado na prisão quando era apenas um pequeno delinquente, Nemmouche se radicalizou evidentemente na prisão", ressaltou Kerchove em referência a Mohamed Merah, que cometeu uma série de assassinatos no sudoeste da França em 2012; a Amedy Coulibaly, que morreu na sexta-feira após atacar um mercado judaico no leste de Paris; e a Mehdi Nemmouche, o atacante do Museu Judaico de Bruxelas, em maio de 2014.

"As prisões são esta famosa incubadora", assegurou, considerando que a UE deve "harmonizar o dispositivo penal, mas não enviar aqueles que retornam da Síria para prisões".

Aqueles que retornam da Síria "irão inspirar outros" nas prisões porque "sabemos como e quanto inspira a figura de um veterano".

Cerca de 3.000 europeus são considerados combatentes estrangeiros, que foram convencidos a participar de organizações fundamentalistas na Síria ou no Iraque. Estima-se que "30% retornaram para a UE", de acordo com dados de Kerchove.

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