Trump reteve quase 400 milhões de dólares em ajuda militar à Ucrânia por meses, que ele acabou finalmente liberando. (Kevin Lamarque/Reuters)
AFP
Publicado em 7 de outubro de 2019 às 18h56.
Os congressistas democratas encarregados da investigação do processo de impeachment de Donald Trump exigiram nesta segunda-feira (7) que o Pentágono e a Casa Branca entreguem documentos sobre o caso ucraniano.
O presidente republicano está sendo criticado por um telefonema em 25 de julho com seu colega ucraniano Volodimir Zelenski, no qual ele supostamente tentou obter ajuda de Kiev, em troca de ajuda militar americana, para conseguir informações incriminadoras sobre o ex-vice-presidente democrata Joe Biden, o candidato mais bem posicionado para enfrentá-lo nas eleições de 2020.
Os três comitês do Congresso que lideram a investigação do impeachment estão buscando informações relacionadas às pressões de Trump sobre seu colega ucraniano e o condicionamento de ajuda militar à Ucrânia a essa favor, assim como qualquer esforço em omitir esses assuntos.
"A citação exige documentos necessários para que os comitês examinem (...) as razões por trás da decisão da Casa Branca de reter assistência militar crucial à Ucrânia aprovada pelo Congresso para combater a agressão russa", disseram os presidentes dos painéis de Assuntos Exteriores, Inteligência e Supervisão em cartas ao Secretário de Defesa, Mark Esper, e outros funcionários.
A citação obriga a entrega de documentos antes de 15 de outubro.
O descumprimento "constituirá evidência de obstrução à investigação de julgamento político da Câmara", informaram os legisladores.
A medida é o último procedimento legal contra o governo de Trump por parte dos democratas que exigem informações para sua investigação.
Na semana passada emitiram citações à Casa Branca e ao secretário de Estado, Mike Pompeo, algo que este último classificou de "assédio".
Os democratas também obtiveram uma série de mensagens de texto entre diplomatas americanos que destacaram os esforços do governo Trump para pressionar a Ucrânia a investigar Biden e seu filho Hunter, por suposta corrupção ligada à Ucrânia.
Um dos diplomatas, enviado dos EUA à União Europeia, Gordon Sondland, um dos principais doadores da campanha de Trump em 2016, testemunhará na terça-feira no Congresso.
O comparecimento da ex-embaixadora dos EUA na Ucrânia Marie Yovanovitch está previsto para sexta-feira. Yovanovitch foi afastada do cargo em maio por resistir à pressão da Casa Branca para Kiev investigar Biden, de acordo com relatos da mídia americana.
Trump reteve quase 400 milhões de dólares em ajuda militar à Ucrânia por meses, que ele acabou finalmente liberando.
Segundo o Washington Post, as autoridades do governo foram instruídas a informar os legisladores de que os atrasos faziam parte de um "processo interinstitucional", sem maiores esclarecimentos.
As ordens de entrega de arquivos e os testemunhos no Congresso se concentram no telefonema de Trump em 25 de julho. Segundo o memorando da conversa publicado pela Casa Branca, os dois presidentes discutiram o interesse de Zelenski em receber ajuda militar, seguido por Trump pedindo um "favor" e depois mencionando Biden.
Os procedimentos de julgamento político, com poucas possibilidades de resultar no impeachment de Trump, que conta com a maioria republicana no Senado, foram iniciados pela oposição democrata que controla a Câmara dos Representantes depois que um denunciante tornou pública a conversa de Trump com Zelenski.
No domingo se soube da existência de um segundo denunciante, também identificado somente como um agente dos serviços de inteligência americana, disposto a testemunhar e a oferecer informação de primeira mão sobre o caso ucraniano.