Mundo

Impasse político nos EUA em debate sobre teto da dívida

Secretário do Tesouro, Timothy Geithner, ameaça suspender alguns pagamentos caso o limite não seja ampliado rapidamente

Timothy Geithner, secretário do Tesouro, estabeleceu como nova data limite o dia 2 de agosto (Justin Sullivan/Getty Images)

Timothy Geithner, secretário do Tesouro, estabeleceu como nova data limite o dia 2 de agosto (Justin Sullivan/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de maio de 2011 às 17h42.

Washington - O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos anunciou, esta segunda-feira, a adoção de novas medidas financeiras de emergência para garantir o funcionamento do governo federal, enquanto o Executivo tem dificuldades para convencer o Congresso a elevar o limite legal de endividamento público.

Segundo as previsões do Tesouro, a dívida pública, cujo teto foi fixado pelo Congresso em 14,2 bilhões de dólares, alcançará este limite na segunda-feira, além do que o Estado não pode continuar se endividando.

Em consequência, o Departamento do Tesouro deixará temporariamente de fazer depósitos nos fundos de pensão dos funcionários, informou o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, em carta endereçada ao líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, e aos principais dirigentes do Congresso.

Estas medidas não terão qualquer consequência sobre o pagamento das aposentadorias na atualidade. Previstas por lei, as medidas representarão, segundo o Tesouro, uma margem de 224 bilhões de dólares, o que permitirá ao Estado continuar emitindo títulos da dívida, segundo o calendário previsto, até 2 de agosto, sem aumentar seu envididamento líquido.

O secretário confirmou que na terça-feira considerava emitir títulos com 28 dias de prazo no valor de 28 bilhões de dólares.

Segundo os cálculos do departamento, o Estado não poderá funcionar mais depois de 2 de agosto se o teto da dívida não for elevado. Neste caso, o Estado se encontraria em uma situação de suspensão do pagamento de algumas de suas obrigações, o que teria "consequências econômicas catastróficas", escreveu Geithner.

Por enquanto, ninguém quer acreditar na possibilidade de um cenário como este. A evolução do mercado de obrigações do Estado não traduz, apesar disso, nenhuma preocupação: os investidores parecem considerar, assim como Geithner, que o Congresso acabará agindo e que é nula a possibilidade de uma suspensão de pagamentos do governo federal, embora a mesma seja limitada.

O Tesouro publica dados diários sobre o endividamento do Estado, com um atraso de 24 horas. A confirmação de que o teto foi atingido ocorreria na terça-feira, se é que ocorrerá. Mas um alto funcionário do Departamento do Tesouro informou à imprensa que nada coloca em dúvida as previsões do Tesouro.

O ministério já tinha suspenso, no começo e maio, a emissão de alguns títulos destinados a aliviar as finanças públicas dos estados federados e municípios.

O Tesouro lembra que recorreu em várias ocasiões a medidas excepcionais no transcurso dos últimos 20 anos, em contextos similares de bloqueio político.

Geithner pede desde janeiro ao Congresso que eleve o teto da dívida, mas os republicanos, majoritários na Câmara de Representantes, exigem em contrapartida que o governo se comprometa a reduzir consideravelmente os gastos públicos.

O presidente da Câmara Baixa, John Boehner, reiterou este pedido no domingo, afirmando que não via "uma verdadeira iniciativa" do presidente Barack Obama neste sentido.

A Casa Branca voltou a instar o Congresso esta segunda-feira a agir sem demora.

"Seria totalmente louco pretender que (...) os Estados Unidos declararão o 'default' de suas obrigações e (acreditar) que isto não terá conseuqências negativas", disse seu porta-voz, Jay Carney.

Acompanhe tudo sobre:Dívida públicaEconomistasEstados Unidos (EUA)Países ricosTimothy Geithner

Mais de Mundo

Violência após eleição presidencial deixa mais de 20 mortos em Moçambique

38 pessoas morreram em queda de avião no Azerbaijão, diz autoridade do Cazaquistão

Desi Bouterse, ex-ditador do Suriname e foragido da justiça, morre aos 79 anos

Petro anuncia aumento de 9,54% no salário mínimo na Colômbia