Igreja Católica: dois terços das vítimas afirmam que os abusos eram foram feitos por padres com quem mantinham algum vínculo religioso (./Getty Images)
EFE
Publicado em 12 de setembro de 2018 às 11h17.
Berlim - Um relatório interno elaborado por incumbência da Conferência Episcopal alemã documenta um total de 3.677 casos de abusos sexuais, cometidos por 1.670 religiosos católicos desde 1946 até 2014, segundo revelou nesta quarta-feira a edição digital da revista "Der Spiegel".
De acordo com a revista, que faz referência à documentação feita por especialistas das Universidades de Manheim, Heidelberg e Giessen, este tipo de situações são "um problema em massa" no seio da Igreja Católica e que persistem atualmente.
Aproximadamente metade das vítimas desses abusos era menor de 13 anos e um de cada seis casos foi tratado de forma alguma "de violação", segundo cita a publicação.
Para dois terços das vítimas, os executores dos abusos eram seus confessores ou padres com os quais mantinham algum tipo de vínculo religioso.
O relatório foi encarregado pela Conferência Episcopal e, de acordo com os planos da instituição, suas conclusões serão apresentadas pelo cardeal Reinhard Marx em 25 de setembro.
Os especialistas das universidades examinaram cerca de 38 mil atas e materiais procedente das 27 dioceses alemãs.
A maioria corresponde a atas internas que até agora não tinham sido reveladas e que, segundo o "Der Spiegel", eram "estritamente confidenciais".
O relatório parte da base que, junto aos casos documentados, existe um "número obscuro" de muitas outras situações de abusos que não poderão ser investigados, seja porque as atas foram destruídas ou por falta de testemunhos.
A Conferência Episcopal encarregou esse estudo às Universidades por causa do escândalo dos abusos sexuais que atingiu a Igreja Católica alemã em 2010, o que gerou uma crise de credibilidade para o catolicismo alemão.
Em março de 2011, a Igreja Católica ofereceu pagar uma indenização de 5 mil euros a cada uma das vítimas de abusos sexuais, com possibilidade de aumentar essa quantidade para os casos mais graves.
A Igreja Católica é a principal confissão junto com a evangélica em Alemanha, com 24 milhões de fiéis cada uma.