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Igreja Católica enfrenta mais de 250 processos em NY por abusos sexuais

Com a aprovação da "janela ao passado", as vítimas de abusos sexuais podem processar os membros da Igreja, mesmo que os crimes já tenham prescrito

Nova York: a "janela ao passado" permite às vítimas abrirem processos até os 55 anos de idade (Yara Nardi/Reuters)

Nova York: a "janela ao passado" permite às vítimas abrirem processos até os 55 anos de idade (Yara Nardi/Reuters)

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EFE

Publicado em 14 de agosto de 2019 às 15h50.

Nova York — Um escritório de advogados de Nova York apresentou nesta quarta-feira mais de 250 denúncias contra a Igreja por abusos sexuais de menores, uma vez que entrou em vigor a chamada "janela ao passado", que permite às vítimas entrar com processos por esses crimes mesmo que tenham prescrito.

O escritório de advogados Jeff Anderson & Associates publicou os 262 casos em todo o estado de Nova York em entrevista coletiva. Nela, o advogado que dá nome à firma disse que já era hora de fazer alguma coisa contra os abusadores e que as vítimas estão enfrentando os que se aproveitaram delas.

"Hoje é um novo dia, é um dia de esperança", anunciou Anderson, acompanhado por duas das vítimas representadas por seu escritório, assim como vários dos advogados envolvidos no caso.

"Por que os sobreviventes puderam fazer isso (entrar com processo) e por que podemos estar aqui hoje junto com eles em Nova York? Porque a lei de vítimas infantis entrou em vigor", enalteceu o advogado, criticando a oposição da Igreja católica e o gasto de milhões de dólares para que os casos não viessem à tona.

Tal lei, aprovada em janeiro e que entra em vigor nesta quarta-feira, inclui uma "janela ao passado" de um ano, até 14 de agosto de 2020, que permite que aqueles que não puderam processar seus abusadores anteriormente o façam agora.

Além disso, o texto permite às supostas vítimas de abusos abrir um processo civil até a idade de 55 anos e apresentar acusações penais até os 28, cinco a mais do que o permitido na lei anterior.

Uma das supostas vítimas, Bridie Farrell, participou da coletiva e afirmou que a sua luta para que a lei saísse do papel lhe permitiu conhecer pessoas que foram abusadas e que não tinham consciência disso.

"Tenho me encontrado com tanta gente, sobretudo de 60 e 70 anos, me perguntando sobre o meu caso e me dizendo: 'Isso aconteceu comigo no banheiro de um posto de gasolina. Fui abusado quando era criança?'", declarou Farrell, de 37 anos, que entrou com processo por abusos sofridos entre 1997 e 1998.

"Hoje os sobreviventes como eu em toda Nova York podem apresentar um processo para que nossos abusadores sejam responsabilizados pelo que fizeram e também qualquer instituição que permitisse que isso acontecesse", disse.

Outra das vítimas presentes, Joseph Caramanno, abusado por monsenhor John Paddack, considera hoje um "dia de luz", em contraste com a escuridão na qual disse ter vivido quando tinha 16 e 17 anos. "Há um ano, nunca pensei que estaria na situação que estou agora", afirmou.

Dos casos apresentados, 54 são contra a arquidiocese da cidade em Manhattan, 36 no Brooklyn e 19 em Rockville. Um total de 109 só na parte baixa do estado. Outros 84 processos foram apresentaram em Buffalo, 30 em Rochester, 19 em Albany, 14 em Odgensburg e seis em Syracuse.

No total, são 162 os nomes dos supostos autores dos abusos, muitos deles ocorridos em igrejas, embora também em centros para idosos e hospitais religiosos.

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