Suspeito de ataque: o autor do massacre reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI) segue foragido (Agência Dogan/AFP)
AFP
Publicado em 4 de janeiro de 2017 às 19h31.
As autoridades turcas anunciaram, nesta quarta-feira (4), que identificaram o autor do massacre na boate Reina de Istambul, em 1º de janeiro, e realizaram novas detenções como parte da investigação.
"A pessoa que cometeu o atentado terrorista de Istambul foi identificada", declarou o ministro turco das Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, à agência de notícias pró-governo Anatólia em uma entrevista transmitida pela televisão, sem informar a identidade do atirador.
O autor do massacre reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI) segue foragido.
Na terça-feira (3), as autoridades divulgaram várias imagens do suspeito de ter matado 39 pessoas, estrangeiros em sua maioria, que celebravam o Ano Novo na exclusiva boate Reina da metrópole turca.
Segundo Cavusoglu, a residência do extremista foi vasculhada, e as autoridades tentam agora estabelecer se ele contou com a ajuda de cúmplices.
De acordo com veículos da imprensa local, pelo menos 20 pessoas suspeitas de laços com o EI foram presas nesta quarta de manhã em Izmir, no oeste da Turquia.
Durante a invasão, foram encontrados óculos de visão noturna, material militar e passaportes falsos, relatou a agência Dogan.
A agência Anatólia informou que os detidos são provenientes da Ásia Central e da Síria. Na terça-feira, a imprensa turca havia indicado que o atirador seria do Quirguistão, ou do Uzbequistão.
O serviço de imprensa do Ministério das Relações Exteriores do Quirguistão disse que investigará essa possibilidade, considerando ser "improvável" o envolvimento de um de seus cidadãos no ataque.
No total, 16 pessoas já haviam sido detidas no âmbito da investigação, informou a agência turca Dogan. Entre elas, estariam a mulher do suposto autor e dois estrangeiros presos no aeroporto internacional Ataturk, de Istambul.
A tragédia na boate Reina marcou um início de ano sangrento para a Turquia, já abalada em 2016 por uma tentativa de golpe e por uma onda de ataques cometidos por extremistas islâmicos, ou pela rebelião curda.
Decretado após a tentativa de golpe em julho, na terça-feira, o estado de emergência foi estendido por mais três meses pelo Parlamento turco.
Hoje, em seu primeiro discurso público desde o atentado, o presidente Erdogan declarou que esse ataque "tem como objetivo polarizar a sociedade".
"Os ataques visam a que nossa emoção prevaleça sobre nossa razão. Embora isso nos faça sofrer, não é uma desculpa para nos rendermos", frisou.
"Vamos permanecer de pé e manter o sangue frio", completou.
Armado com um fuzil, o atirador surgiu em frente à discoteca localizada à margem do Bósforo, no lado europeu da cidade, matando duas pessoas na entrada, antes de ingressar no local e semear a morte.
As autoridades acreditam que o agressor foi treinado no manejo de armas. No ataque, ele utilizou carregadores duplos para otimizar o tempo de recarga, granadas para desorientar os alvos e visou a parte superior do corpo das vítimas para aumentar a taxa de mortalidade.
Nesta quarta-feira, o jornal Habertürk relatou que, uma vez cometido o massacre, o atirador pegou um táxi até um restaurante uigur de Zeytinburnu, um distrito no leste Istambul. Lá, pegou dinheiro emprestado para pagar a corrida.
No início desta semana, vários jornais afirmaram que o suposto assassino havia se instalado em novembro em Konya (sul) com sua mulher e dois filhos, para não levantar suspeitas.
As autoridades turcas montaram um amplo dispositivo para capturar o autor do ataque.
Na terça-feira, especulações em torno de um quirguiz de 28 anos se revelaram infundadas.
Depois de ser interrogado pelas autoridades turcas, o homem foi autorizado a retornar ao Quirguistão, onde foi novamente interrogado e liberado.
O ataque ocorreu no momento em que o Exército turco, com pesadas perdas, tenta retomar a cidade de Al-Bab, um reduto do EI, no norte da Síria. Nessa localidade, Ancara lidera uma ofensiva contra os extremistas e contra as milícias curdas.
Ao assumir a autoria do ataque, o EI criticou a Turquia, um país predominantemente muçulmano, por sua intervenção na Síria e por sua participação na coalizão liderada pelos Estados Unidos contra o grupo extremista na Síria e no Iraque.
Essa coalizão realizou, pela primeira vez, uma operação de apoio aéreo às forças turcas em dificuldades na semana passada perto de Al-Bab, segundo o Pentágono.
Na quarta-feira (4), um soldado turco morreu e três ficaram feridos em um ataque do EI em Al-Bab, de acordo com a agência Anatólia, segundo a qual 14 extremistas islâmicos perderam a vida em um bombardeio ao norte da Síria.
Pelo menos 40 soldados morreram na campanha militar turca.