Mantega admitiu ter sido avisado em 2010 que Denucci teve um problema em 2001 com a Receita Federal, mas afirmou não ter visto motivo para demissão (Lailson Santos/Veja)
Da Redação
Publicado em 14 de fevereiro de 2012 às 08h48.
Brasília - A base aliada do governo no Senado vai usar a sua larga vantagem numérica na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) para derrubar nesta terça-feira os requerimentos de convite do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e do ex-presidente da Casa da Moeda, Luiz Felipe Denucci. A orientação repassada pelos líderes governistas aos integrantes da comissão é adiar a vinda de Mantega pelo menos até março, quando o ministro tradicionalmente comparece à comissão para fazer o balanço da economia do semestre.
"Esta matéria está superada", afirmou ontem o líder do governo no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE), um dos membros da CAE.
Denucci foi demitido no final de janeiro sob suspeita de ter recebido propina de fornecedores da Casa da Moeda. Reportagem do jornal Folha de S.Paulo denunciou que o presidente da instituição tinha aberto offshores em paraísos fiscais e movimentado R$ 25 milhões.
Mantega admitiu ter sido avisado em 2010 que Denucci teve um problema em 2001 com a Receita Federal, mas afirmou não ter visto motivo para demissão, naquela ocasião. O ministro da Fazenda também é questionado sobre o motivo que o levou a aceitar a indicação do PTB para abrigar Denucci em um cargo eminentemente técnico.
No último domingo, o jornal Estado de S. Paulo apontou que o arco de apoios políticos que sustentavam Denucci no cargo ia além do PTB: o ex-presidente Lula, o presidente do PP, senador Francisco Dornelles (RJ), o ex-ministro Delfim Netto e o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) José Múcio Monteiro.
Se o convite a Mantega for à votação na CAE, os partidos da base aliada contam com cerca de 80% dos votos entre os titulares: 21 dos 27 votos. Isso numa hipótese de comissão lotada, o que é pouco provável para uma reunião às vésperas do carnaval. Nessa conta, porém, não estão computados os parlamentares ditos independentes, como os peemedebistas Roberto Requião (PR), Luiz Henrique (SC) e Eduardo Braga (AM). Ainda assim, dificilmente a oposição conseguirá oito votos - quase o dobro dos cinco que dispõe - para virar o jogo.
"Lógico que o Mantega deveria vir se explicar", disse o senador Pedro Taques (PDT-MT). "Todo individuo tem que prestar esclarecimentos", completou. Taques, porém, disse que irá à comissão para defender sua posição, mesmo sem ser integrante dela. Ele admite que dificilmente os convites serão aprovados hoje.