Na vermicompostagem, a decomposição de resíduos orgânicos é feita por minhocas (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 1 de novembro de 2012 às 08h59.
São Paulo - No Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP, uma pesquisa realizada pelo químico Leandro Antunes Mendes mostrou que a vermicompostagem é eficaz para remediar solos contaminados por cromo, cobre e chumbo. A vermicompostagem é o processo realizado a partir da decomposição de resíduos orgânicos por minhocas, o que dá origem ao vermicomposto (ou húmus), material comumente utilizado como fertilizante.
O trabalho foi realizado para a dissertação de mestrado Utilização de vermicomposto com vistas à remediação de solos contaminados com cromo, cobre e chumbo, apresentada em 11 de outubro no IQSC. “A adição de 2,5 gramas de vermicomposto em 7,5 gramas de solo foi capaz de reter 100% das espécies metálicas, tanto no solo arenoso como no argiloso, comprovando que o vermicomposto também é eficaz como descontaminante”, diz o pesquisador, que teve a orientação da professora Maria Olimpia de Oliveira Rezende, do Laboratório de Química Ambiental.
Mendes ressalta que os testes foram realizados em laboratório e tiveram o objetivo de testar a eficácia da técnica, e não sua aplicação. O químico lembra que, atualmente, existe uma busca por soluções tecnológicas verdes, que não afetem o meio ambiente, e solos contaminados por metais costumam ser tratados com solventes, material poluente. “Já sabíamos que o vermicomposto apresenta a propriedade de reter metais, então decidimos testar a técnica”, explica.
Os testes mostraram também outra vantagem: com o uso da vermicompostagem, os metais não ficam disponíveis no meio ambiente e não ocorre a lixiviação, processo em que a chuva carrega as substâncias para o lençol freático.
Testes
O pesquisador trabalhou com dois tipos de solo: arenoso e argiloso. O uso de cromo foi escolhido por se tratar de um produto muito utilizado em curtumes. Já o cobre e o chumbo, apesar de serem contaminantes, também são essenciais para as plantas, mas em pequenas quantidades.
Os solos utilizados para o estudo (arenoso e argiloso) foram retirados do campus II da USP, em São Carlos, em uma área livre de contaminação. Os testes foram realizados no Laboratório de Química Ambiental do IQSC, coordenado pela professora Maria Olimpia de Oliveira Rezende.
No Laboratório, o pesquisador lixiviou uma solução contendo os metais nos dois tipos de solo. A vermicompostagem usada foi comercial, comprada de uma empresa privada. Apesar de naturalmente o solo argiloso apresentar uma maior capacidade de retenção (quando comparado ao solo arenoso), a proporção de vermicomposto usada foi eficaz para remediar os dois solos, retendo 100% dos metais.
“A partir dos resultados obtidos, podemos sugerir que sejam realizados outros estudos em áreas maiores, bem como pesquisas ligadas a fitotoxicidade, para analisar se os metais chegam a atingir a parte aérea da planta”, sugere. Outra sugestão é verificar se a adição de uma proporção menor de vermicomposto também irá levar a 100% de retenção de metais.