Trump: a HRW disse que tem medo que Trump comece a encher Guantánamo de novo (Lucy Nicholson/Reuters)
Reuters
Publicado em 25 de janeiro de 2017 às 18h38.
Genebra -- O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está "fechando a porta" para pessoas fugindo do Estado Islâmico e pode tentar reabrir centros de detenção secretos onde tortura poderia ser usada, disse a organização Human Rights Watch (HRW) nesta quarta-feira, pedindo por intervenção do Congresso dos EUA.
Uma proibição temporária para refugiados, que Trump, segundo expectativas, deve assinar nesta semana, é uma política "particularmente repulsiva" entre uma série de iniciativas populistas que poderiam violar a Constituição norte-americana, disse o grupo de defesa de direitos.
Trump parece que vai "acabar com as admissões de refugiados nos EUA, supostamente com base em segurança", disse Kenneth Roth, chefe da HRW, em entrevista em Genebra.
"Com o objetivo de marcar um ponto político em casa, Trump está fechando a porta para eles. Esse é um aspecto particularmente repulsivo do que ele está fazendo", afirmou.
"É como se Trump fosse indiferente ao sofrimento extraordinário pelo qual muitos desses refugiados estão passando. Muitas dessas pessoas estão fugindo do Estado Islâmico ou dos equivalentes ao Estado Islâmico ao redor do mundo", disse.
A HRW, um dos principais grupos de direitos humanos do mundo e com sede nos EUA, disse temer que Trump "comece a encher de novo Guantánamo" e use possivelmente "locais sombrios" em territórios estrangeiros como prisão.
"Uma coisa que esperamos hoje ou mais tarde nesta semana é um decreto de Trump para começar a explorar a retomada dos locais sombrios da CIA", disse Roth, um norte-americano.
O Washington Post publicou nesta quarta-feira o esboço de um decreto chamado "Detenção e Interrogatório de Combatentes Inimigos", que poderia abrir caminho para que suspeitos de terrorismo fossem interrogados em prisões secretas da CIA no estrangeiro.
"Da última vez, esses locais sombrios foram com frequência em democracias. Eles eram na Polônia, Romênia. Se você olhar ao redor do mundo, eles eram em lugares como Marrocos, Egito, Jordânia, Tailândia, Afeganistão", disse Roth.
"Espero que todos esses governos e outros futuros governos digam 'não' desta vez, que eles não queiram ser cúmplices em nenhum novo esquema de tortura dos EUA."
Obama fechou esses locais e ordenou a suspensão do afogamento simulado, que, segundo especialistas, constitui tortura, proibida pelas leis internacionais. Trump prometeu durante a campanha trazer de volta a técnica.
"Se Trump vai começar a brincar com o Manual do Exército e enfraquecer a sua exclusão de tortura ou outras formas de interrogatório cruel e desumano, isso seria muito problemático", disse Roth.