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Humala tenta acalmar investidores após eleições no Peru

Novo presidente ganhou por uma margem pequena da candidata populista e assustou o mercado peruano

Humala enviou na terça-feira novas mensagens conciliadoras ao mercado após o colapso causado por sua vitória (Cris Bouroncle/AFP)

Humala enviou na terça-feira novas mensagens conciliadoras ao mercado após o colapso causado por sua vitória (Cris Bouroncle/AFP)

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Da Redação

Publicado em 8 de junho de 2011 às 13h31.

Lima - O presidente eleito do Peru, Ollanta Humala, enviou na terça-feira novas mensagens conciliadoras ao mercado após o colapso causado por sua vitória. Ele disse que negociará com o setor de mineração sobre um aumento de impostos e que não emitirá dívida para financiar planos sociais.

Humala, um militar aposentado de formação esquerdista, venceu por uma pequena margem a conservadora Keiko Fujimori no segundo turno das eleições de domingo. Ela era a favorita do setor financeiro para governar a pujante economia do país andino.

Depois da forte queda de segunda-feira, incluindo um recuo histórico de 12 por cento na bolsa peruana, os principais ativos financeiros do país se recuperaram com força e algumas das principais mineradoras, como Xstrata e a local Buenaventura, reafirmaram seus planos de investimento.

A Southern Copper, no entanto, disse que reavaliará seus investimentos de 2 bilhões de dólares no Peru até que o novo governo dê sinais de confiança.

O líder nacionalista disse à Reuters que a queda da bolsa peruana na segunda-feira foi um "baque" e que sua recuperação na terça-feira demonstrava que "a economia é sólida".

O novo presidente, de 48 anos, antecipou que seu ministro da Economia será um funcionário experiente, em uma nova tentativa de trazer segurança para outra grande preocupação entre investidores, mas não confirmou nenhum dos nomes.

Impostos

Em sua campanha, Humala teve como bandeira estabelecer um imposto sobre os ganhos excepcionais das mineradoras, que têm forte rentabilidade devido aos altos preços internacionais dos minerais.


Mas na terça-feira garantiu que está disposto a negociar suas propostas com as empresas, atendendo uma das demandas de uma indústria vital para o Peru, que é um forte produtor mundial de metais.

"Temos que conversar sobre a porcentagem com as empresas considerando também as margens sobre o lucro", disse.

Humala reiterou que não tem intenções de copiar o mandatário venezuelano, Hugo Chávez, que promove uma estatização dos principais setores econômicos, e que seguirá seu próprio caminho de governo.

Em sua primeira tentativa de chegar à Presidência, em 2006, Humala havia se mostrado muito próximo de Chávez, mas desta vez se distanciou do líder socialista.

"O caminho do Peru é um caminho próprio, sem copiar o de outros países. Que isso fique bem claro", afirmou.

Humala destacou em sua campanha um plano para aumentar a inclusão social em um país que ainda tem um terço da população vivendo na pobreza.

E para analistas ele ainda deve provar que pode cumprir suas promessas de manter a direção de um dos países com maior crescimento em nível mundial --o Peru fechou 2010 com uma expansão de 8,8 por cento-- e ao mesmo tempo melhorar fortemente os índices sociais.

Sua equipe de transição inclui alguns tecnocratas que colaboraram com o ex-mandatário Alejandro Toledo, como Kurt Burneo, ex-vice-ministro da Fazenda e um dos apontados como possível ministro da Economia.

Mais Volatilidade


A recuperação dos mercados na terça-feira levou o índice geral da bolsa de Lima a terminar com um ganho de 6,97 por cento, mas especialistas esperam mais dias de agitação.

"A incerteza vai continuar reinando no Peru, o que vai se traduzir em futuras reações negativas, sobretudo, no mercado doméstico", disse Patrick Esteruales, da agência Moody's.

"O mercado neste momento está atento para ver quem serão os primeiros indicados para compor o futuro gabinete de Humala, os novos ministros da Economia e Finanças", acrescentou.

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