Bombardeio em Homs, na Síria: o porta-voz da ONU lembrou que a tortura, quando é sistemática, constitui crime contra a humanidade (AFP)
Da Redação
Publicado em 6 de março de 2012 às 11h55.
Genebra - Alguns hospitais sírios se transformaram em centros de tortura para os feridos nos protestos contra o regime de Bashar al Assad, afirmou nesta terça-feira o Alto Comissariado para os Direitos Humanos das Nações Unidas.
'Em vários casos, as missões de investigação da ONU comprovaram que os hospitais viraram centros de tortura para os feridos nos conflitos', declarou em entrevista coletiva Rupert Colville, porta-voz do Alto Comissariado para os Direitos Humanos.
Ele confirmou também que as autoridades exigem dos funcionários dos hospitais que 'não tratem ou curem' os feridos que participaram dos protestos.
'As ambulâncias foram orientadas ainda a levar os feridos para os centros de detenção em vez de os hospitais', revelou.
Colville afirmou que foi comprovada 'a cumplicidade' de alguns médicos nos processos de repressão nos hospitais. Como essa situação era conhecida da população e das equipes médicas, nas últimas semanas foram criadas clínicas e centros de saúde clandestinos em garagens e apartamentos.
'Infelizmente, parece que as forças de segurança descobriram algumas dessas clínicas e também as transformaram em centros de tortura', explicou Colville.
O porta-voz lembrou que a tortura não é uma 'novidade' na Síria, já que havia sido legitimada desde 1963 'sob o escudo da permanente lei de emergência'.
'Maus-tratos, tortura psicológica, suspensão do corpo pelos pés e confinamento são comuns nas últimas quatro décadas na Síria, uma situação que se agravou a níveis indescritíveis nos últimos meses'.
O porta-voz lembrou que a tortura, quando é sistemática, constitui crime contra a humanidade.