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Hong Kong: líderes da Revolução dos Guarda-Chuvas são declarados culpados

Para a Justiça, os ativistas queriam "obrigar as autoridades a responder às suas reivindicações políticas"

Hong Kong: a Revolução dos Guarda-Chuvas mobilizou milhares de pessoas para exigir avanços democráticos em 2014 (Tyrone Siu/Reuters)

Hong Kong: a Revolução dos Guarda-Chuvas mobilizou milhares de pessoas para exigir avanços democráticos em 2014 (Tyrone Siu/Reuters)

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EFE

Publicado em 9 de abril de 2019 às 11h04.

Hong Kong — A Justiça de Hong Kong declarou como culpados nesta terça-feira nove ativistas da Revolução dos Guarda-Chuvas, que mobilizou milhares de pessoas em 2014 para exigir avanços democráticos na ex-colônia britânica, de acusações como incitação, conspiração e alteração da ordem pública.

O Tribunal de Kowloon Oeste considerou Benny Tai, Chan Kin-man, Chu Yiu-ming, Tanya Chan, Shiu Ka-chun, Raphael Wong, Tommy Cheung, Eason Chung e Lee Wing-tat culpados de "causar distúrbios através da obstrução ilícita de locais públicos" e "incitar e mobilizar manifestantes" a alterar a ordem pública quando começaram os protestos, que duraram 79 dias.

Segundo a corte, o objetivo dos ativistas era "obrigar as autoridades a responder às suas reivindicações políticas", e por isso estão sujeitos a sentenças de até sete anos de prisão por cada acusação, embora uma pena ainda não tenha sido imposta.

Benny Tai, um dos cofundadores do movimento, afirmou antes de entrar na corte que estava "muito tranquilo" até que viu centenas de simpatizantes reunidos fora do tribunal com guarda-chuvas amarelos e ficou "muito emocionado", segundo o jornal local "South China Morning Post".

"Não importa o que aconteça, acredito que muitos seguirão lutando pela democracia. Vamos persistir, não vamos nos render", disse Tai diante de seus simpatizantes.

A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) considerou hoje em comunicado que o veredito envia uma mensagem "terrível", pois "encorajará o governo de Hong Kong a processar ativistas mais pacíficos, o que cerceará ainda mais a liberdade de expressão em Hong Kong".

Por sua vez, a Anistia Internacional criticou hoje o veredito e opinou que o processo judicial foi "um ataque" à liberdade que "elevará as tensões políticas" na região.

No entanto, Pequim, através do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores Lu Kang, mostrou seu "firme apoio" às autoridades de Hong Kong para fazer com que "os organizadores desta atividade ilegal sejam punidos de acordo com a lei".

O movimento, segundo o regime comunista, "causou um impacto grave no estado de direito e na prosperidade e estabilidade de Hong Kong".

Em resposta às organizações internacionais, Lu disse que "não faz sentido e é injustificado" afirmar que o veredito "prejudica a democracia em Hong Kong". "Acredito que em qualquer outro país o governo teria tomado as mesmas decisões", disse.

De acordo com a HRW, cerca de 200 manifestantes foram processados até agora por participarem do movimento social e dezenas foram condenados por diferentes acusações, como reunião ilegal, posse de armas e assaltos.

O procurador Andrew Bruce argumentou em novembro, quando começou o julgamento, que os acusados tinham cometido atos "irracionais" e que os quase três meses de ocupação popular causaram "interrupções" e "afetaram os direitos de outras pessoas".

A HRW denunciou em várias ocasiões que desde os protestos em 2014 os governos de Hong Kong e da China vêm restringindo cada vez mais as liberdades civis.

Um exemplo da deterioração da liberdade foi a proibição em 24 de setembro do ano passado do Partido Nacional de Hong Kong, um movimento sem representação parlamentar que defendia abertamente a independência da ex-colônia britânica do resto da China.

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