Incêndio em prisão de Honduras: o endurecimento da luta contra o narcotráfico no México, que acarretou no aumento do trânsito de cocaína por Honduras (Orlando Sierra/AFP)
Da Redação
Publicado em 27 de setembro de 2012 às 18h28.
Viena - Honduras tem a maior taxa de homicídios do mundo, superando El Salvador e Costa do Marfim, e praticamente duplicou o número de mortes violentas em dez anos por conta do aumento do narcotráfico, segundo relatório divulgado nesta quinta-feira pelas Nações Unidas.
O país caribenho, que ficou à frente de El Salvador e Costa do Marfim, passou a contabilizar 92 homicídios por cada 100 mil habitantes, contra 51 homicídios para o mesmo número de pessoas há dez anos, segundo o relatório "Delinquência Organizada Transnacional da América Central e Caribe: Uma Avaliação das Ameaças".
El Salvador, que foi ultrapassado pelo país caribenho, tem média de 69 homicídios por 100 mil habitantes, assim como Costa do Marfim, que tem uma média de 57 mortes violentas.
"Algumas das áreas mais violentas do mundo se encontram ao longo da costa hondurenha e em ambos os lados da fronteira entre Guatemala e Honduras", de acordo com o relatório.
O endurecimento da luta contra o narcotráfico no México, que acarretou no aumento do trânsito de cocaína por Honduras com destino aos Estados Unidos e o estabelecimento de grupos criminosos vinculados aos cartéis mexicanos, fizeram Honduras chegar ao primeiro posto, segundo especialistas do Escritório das Nações Unidas contra Droga e Delito (UNODC).
No documento, está descrito um vínculo entre as zonas em disputas por criminosos de diversos grupos, como aliados locais dos mexicanos "Os Zetas" e o "Cartel do Pacífico", e o número de homicídios.
Além disso, Honduras ainda conta os aspectos políticos, como o golpe de Estado contra o presidente Manuel Zelaya, em 2009.
"As circunstâncias políticas locais também influenciaram nesta tendência. Em 2009, o presidente Zelaya foi deposto pelo exército. Os encarregados de aplicar a lei caíram em desordem, desviaram recursos para manter a ordem e suspenderam assistências antitráfico dos Estados Unidos", afirma a UNODC.
O relatório destaca, em vários pontos, que desde a saída de Zelaya do poder, a situação de violência piorou e o tráfico de cocaína aumentou no país.