ONU: a cada ano, uma região é selecionada para comandar a Assembleia (Lucas Jackson/Reuters)
EFE
Publicado em 4 de maio de 2018 às 19h35.
Nações Unidas - A hondurenha Mary Elizabeth Flores e a equatoriana María Fernanda Espinosa defenderam nesta sexta-feira as candidaturas dos países para presidir a Assembleia Geral da ONU, uma disputa que provocou um confronto diplomático entre os governos e que divide a América Latina.
As duas foram ouvidas por mais de duas horas pelos diplomatas dos países-membros da ONU visando a eleição da Assembleia Geral da ONU, marcada para ocorrer no próximo dia 5 de junho. A cada ano, uma região é selecionada para comandar o órgão. Esta era a vez de o cargo ficar com algum representante da América Latina e do Caribe.
Ao contrário de outras ocasiões, a região chega dividida e sem uma proposta consensual. Flores é embaixadora de Honduras na ONU e prepara a candidatura há quatro anos. O Equador decidiu entrar na disputa em fevereiro com Espinoza, chanceler do país.
A decisão equatoriana abriu uma disputa diplomática e levou o governo de Honduras a expressar "mal-estar" e "surpresa". Segundo os hondurenhos, o Equador tinha se comprometido em 2015 a apoiar a candidatura de Flores à presidência da Assembleia Geral.
Na apresentação de hoje, Flores reiterou a necessidade de respeitar pactos para que países maiores não imponham sua vontade sobre os menores.
"Se os fios coesivos do estipulado forem rompidos, seja bilateral ou multilateralmente, que esperança resta para o considerável número de países menos favorecidos do mundo de que seus direitos não serão pisoteados?", questionou a diplomata hondurenha.
"Nenhuma nação deveria presumir ter mais direitos para ocupar um posto mais de uma vez, enquanto outros países que não tiveram uma oportunidade igual ficam relegados a uma lista de espera indefinida", completou a embaixadora.
Honduras nunca ocupou a presidência da Assembleia Geral da ONU, posto assumido pelo Equador entre 1973 e 1974. Caso Espinoza seja escolhida, o Equador será o primeiro país a comandar o órgão em duas oportunidades, com exceção de sessões especiais.
A chanceler equatoriana defendeu que sua candidatura é necessária diante da falta de acordo entre os países da América Latina e do Caribe em apoiar Honduras. Além disso, Espinosa disse que a polêmica sobre o acordo entre os dois países foi "superado".
"Se uma região não entra em acordo para endossar uma candidatura, o mundo inteiro está esperando e precisa de uma alternativa. Não há e de fato nunca houve um papel escrito que mostrasse que o Equador aceitou uma coisa que nunca foi aceita", disse a chanceler.
A eleição ampliará as divisões da região. Países como a Venezuela, por exemplo, já anteciparam publicamente a intenção de votar em Espinoza. Brasil e Colômbia, por outro lado, disseram que apoiarão Flores para o cargo de presidente da Assembleia Geral.
Perguntada sobre a fratura, a ministra equatoriana afirmou que todas as regiões passam por dificuldades. De qualquer forma, Espinoza avaliou que os problemas são passageiros.
Espinoza prometeu em sua apresentação que ouvirá todos os países e fará uma gestão de "portas abertas". "Meu papel será promover o diálogo e facilitar a construção de consensos", disse.
A chanceler do Equador afirmou que tem interesse em promover uma reforma da ONU e em avançar nas negociações do Pacto Global sobre Migração. Já diplomata de Honduras disse que terá como prioridade as crianças e o papel delas na estratégia de desenvolvimento da ONU.
Quem vencer será a primeira latino-americana a presidir a Assembleia Geral e a quarta mulher na história a comandar o órgão.