"Sabemos que chegará o dia quando ele se irá, mas é tão difícil de aceitar", disse Patricia Ndiniza, de 53 anos, corretora de imóveis que deixou um bilhete a Mandela (REUTERS/Dylan Martinez)
Da Redação
Publicado em 26 de junho de 2013 às 17h22.
Pretória - Os sul-africanos tem ido às centenas deixar bilhetes, flores e orações para Nelson Mandela em um muro que cerca o hospital de Pretória, onde o herói antiapartheid de 94 anos continua em estado grave.
Mensagens de melhoras, buquês e animais de pelúcia estão se amontoando no muro ao redor do complexo onde médicos estão tratando o ex-presidente sul-africano de uma infecção pulmonar recorrente.
A saúde de Mandela deteriorou-se no final de semana, despertando a sombria preocupação para 53 milhões de sul-africanos de que o homem que desafiou o governo de minoria branca e forjou a "Nação Arco-Íris" pós-apartheid pode não ficar para sempre com eles.
Uma parte do muro de tijolos foi coberta de bilhetes de homenagem por sua luta e sacrifício, inclusive os 27 anos passados em prisões do apartheid, que ajudaram a levar à primeira eleição de todas as raças do país em 1994.
"Sabemos que chegará o dia quando ele se irá, mas é tão difícil de aceitar", disse Patricia Ndiniza, de 53 anos, corretora de imóveis que deixou um bilhete desejando a Mandela uma pronta recuperação.
"Ele é um pilar para todos nós. Ele é nosso pilar de paz e reconciliação", disse ela nesta quarta-feira.
O presidente Jacob Zuma disse que os médicos estão fazendo o possível para garantir a "recuperação, o bem-estar e o conforto" do primeiro presidente negro da África do Sul, uma das figuras mais influentes do século 20.
Zuma disse nesta quarta-feira que a situação de Mandela não tinha mudado. "Enquanto ele continua em estado grave no hospital, devemos mantê-lo e à sua família em nossos pensamentos e orações todos os minutos", disse em uma reunião com o sindicato de trabalhadores de saúde.
"Vamos nos unir"
Crianças em idade escolar, grupos de orações, funcionários de escritórios além de companheiros e partidários que seguiram Mandela na luta contra o apartheid passam pelo hospital dia após dia, atravessando um corredor de jornalistas e cinegrafistas acampados em frente ao portão principal.
Bilhetes que caíram foram substituídos por novos, alguns escritos com lápis de cor por crianças e outros por adultos expressando sua apreciação por Madiba, o nome do clã pelo qual Mandela é afetuosamente conhecido.
Os seguranças escoraram os animais de pelúcia e colocaram as flores na água, enfileirando-as ao longo da base do muro.
"Deixei um buquê. Não foi muito porque era tudo o que eu podia dar", disse Tsepho Sibanyoni, que trabalha como motorista.
"Ele é como Jesus para mim. Ele tem uma mão de ouro. Mandela nunca se vingou de todos os que o perseguiram, em vez disso disse ‘vamos nos unir'", disse Sibanyoni, de 41 anos.