Robert Kennedy: ex-senador foi morto em 1968, anos após o irmão, John F. Kennedy (Library of Congress/Wikimedia Commons)
Carolina Riveira
Publicado em 27 de agosto de 2021 às 20h00.
Última atualização em 27 de agosto de 2021 às 20h13.
A Justiça dos Estados Unidos concedeu nesta sexta-feira, 27, liberdade condicional ao assassino do ex-senador americano Robert F. Kennedy, Sirhan Sirhan, após 53 anos de prisão.
Morto a tiros em 6 de junho de 1968, Kennedy ("RFK" ou "Bobby" Kennedy, como era conhecido) era irmão do ex-presidente John F. Kennedy, o "JFK". Em uma trágica sequência de mortes na família, o ex-presidente também fora assassinado anos antes, em 1963.
Após o aval do juri, a decisão da soltura de Sirhan será agora revisada pelo Conselho de Liberdade Condicional da Califórnia em até três meses. Na sequência, será encaminhada ao governador da Califórnia, o democrata Gavin Newsom, que ainda pode barrar a liberação.
O assassino de Bobby Kennedy tem hoje 77 anos, e já tentou 16 pedidos de condicional, todos negados até então.
A decisão por conceder a condicional a Sirhan foi tomada após dois dos filhos de Kennedy que testemunharam defenderem a liberação. Promotores também se recusaram a argumentar pela sequência da prisão.
Douglas Kennedy, hoje aos 54 anos e que era criança quando o pai foi morto, disse que ficou comovido com o remorso de Sirhan.
Hoje atuando como jornalista, Kennedy defendeu que o assassino do pai não deveria seguir preso caso não oferecesse riscos.
"Estou impressionado apenas por ser capaz de ver Sirhan cara a cara", disse. "Acho que vivi minha vida com medo dele e de seu nome, de uma forma ou de outra. E estou grato por vê-lo hoje como um ser humano digno de compaixão e amor."
Quando foi morto, Robert Kennedy tinha 42 anos e estava em seu primeiro mandato como senador por Nova York. Ele era também um dos concorrentes para se tornar o candidato do Partido Democrata à presidência, já após a morte do irmão John F. Kennedy anos antes.
O senador foi morto com 6 tiros em um hotel em Los Angeles, na Califórnia (onde Sirhan hoje se encontra preso), logo após discursar depois de uma vitória nas primárias. Ele liderava a corrida à candidatura democrata na ocasião.
Durante a carreira política, Robert Kennedy ganhou destaque ao atuar como procurador-geral e braço-direito do irmão durante seu mandato, sendo conselheiro crucial em momentos como a Crise dos Mísseis em Cuba na Guerra Fria.
Robert se manteve no cargo de procurador-geral após a morte do irmão, mas terminou rompendo pouco depois com o presidente sucessor e vice de JFK, Lyndon Johnson, devido a discordâncias sobre a guerra do Vietnã, defendida por Johnson.
Robert Kennedy também é considerado personagem importante na defesa do movimento dos direitos civis e direitos da população negra nos EUA nos anos 1960.
Só dois meses antes da morte de RFK, um dos líderes do movimento dos direitos civis, o reverendo Martin Luther King Jr., também seria assassinado, em abril de 1968.
Sirhan, que foi condenado por assassinato e confessou o crime contra Robert Kennedy, disse que não se lembra do ato. Sua advogada, Angela Berry, argumentou que o conselho deveria basear sua decisão em quem Sirhan é hoje.
Sirhan Sirhan é palestino e tinha 24 anos quando cometeu o crime, motivado por uma suposta retaliação contra as posições do governo americano em apoio a Israel após a Guerra dos Seis Dias, em 1967.
Apesar de Sirhan ter confessado o crime, a morte de Robert Kennedy, como a do irmão, é até hoje tema de teorias da conspiração sobre o real mandante, o que nunca foi comprovado.
Na decisão sobre a liberação do criminoso nesta sexta-feira, os promotores também se recusaram a participar ou se opor à soltura em meio a uma política do promotor público do condado de Los Angeles, George Gascon.
Ex-policial que assumiu o cargo com uma plataforma de reforma penal, Gascon disse que idolatrava os Kennedys e lamentava o assassinato de RFK, mas defende que o papel dos promotores termina na sentença e que eles não devem influenciar as decisões de libertar prisioneiros.
(com Estadão Conteúdo)
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